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A cidade dos shoppings fantasmas

Metade dos shoppings anunciados na cidade de Sorocaba não deram certo

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Por José Maria Tomazela
Atualização:
No shopping Plaza Itavuvu, restaram apenas duas lojas abertas; o restante vai virar consultório médico Foto: Epitacio Pessoa|Estadão

Três dos seis shoppings lançados desde 2012 em Sorocaba, interior de São Paulo, não decolaram. Um deles, o Villagio, desfez os contratos com as 98 lojas e fechou o prédio, que se transformou numa espécie de elefante branco, no bairro Santa Rosália, região leste da cidade. No Plaza Itavuvu, das 120 unidades previstas inicialmente, sobraram duas abertas – uma delas, o hipermercado Sonda –, e o shopping está virando um centro médico. O shopping Tangará, anunciado com estardalhaço e que teria 200 lojas, teve as obras paralisadas, ainda sem previsão de retomada.

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Os shoppings foram lançados num período em que a economia estava em alta. Além desses, a cidade ganhou o Iguatemi, o Pátio Cianê e o Cidade, totalizando 1.120 novas lojas.

Para o diretor comercial do Plaza Itavuvu, Paulo Renato de Souza, “a grande concorrência pelo varejo de Sorocaba coincidiu com a entrada do País em recessão”. Ele lembra que o Cidade foi inaugurado na mesma avenida e a menos de um quilômetro do Plaza. “Tivemos de mudar a vocação de varejo para serviços. Hoje, apenas uma empresa de serviços médicos ocupa 15% da nossa área”, diz Souza. Uma clínica de ultrassom e dois laboratórios instalam-se em 60 dias. “Estamos atraindo empresas da capital e negociamos o espaço de acordo com a realidade do mercado, o que se mostra como uma boa oportunidade para quem chega”, afirma.

O Villagio, embora pequeno, chegou a ser o shopping mais requintado da cidade, mas também foi afetado pela concorrência e o agravamento da crise. O esvaziamento foi rápido e não houve objeção à saída das lojas. A última a sair, a Applebee’s, deixou também a cidade em dezembro do ano passado.

O prédio só não está completamente vazio porque tem alguns consultórios médicos no terceiro andar. O comércio do entorno sentiu a queda no movimento. “Caiu uns 40%, porque parte da nossa clientela era de frequentadores do shopping”, diz Pedro Edmar Alves, dono de uma lanchonete. A direção do Villagio informa que o fechamento se deu em razão de uma mudança na estratégia da empresa e que a nova ocupação ainda está sendo definida.

Promoção. No Cidade, é possível ver espaços vazios, mas as lojas que se instalaram não reclamam do movimento. Em 2015, segundo a administração, a maioria delas atingiu as metas de venda.

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O cinegrafista Cristiano Dantas e sua mulher, Jéssica Fernanda Dantas, frequentam o Cidade por ser o mais próximo de onde moram, e não se importam com alguns pontos fechados. “A gente vem sempre e, além de fazer compras, come e pega um cinema”, afirma. Segundo Jéssica, a concorrência entre os shoppings favorece o consumidor. “Há sempre uma promoção ou liquidação.”  No Pátio Cianê, a recente chegada da Forever 21 animou os investidores. Mesmo assim, ainda há muitos espaços vagos no empreendimento que ocupa o interior de uma fábrica de tecidos do século 19.

“Hoje, preencher um espaço novo é mais difícil do que segurar quem já está instalado”, diz o coordenador de marketing Rhuan Destro. Somente na semana passada, segundo ele, uma nova loja assinou contrato e duas anunciaram ampliações.

O shopping Cianê, instalado na área central da cidade, é bem movimentado, mas nem sempre os frequentadores vão às compras. O estudante Neymar de Souza vai ao shopping para passear com os amigos e se divertir. “Não tem nada de rolezinho, mas a gente se encontra e curte as garotas.” Consumo, segundo ele, é de no máximo um churros ou um pacote de pipocas.

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