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Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|A disparada do petróleo

É mais provável o petróleo bater em US$ 70 do que cair para US$ 50 novamente

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Atualização:

A disparada nos preços do petróleo nos últimos dias foi deflagrada por fatores geopolíticos, com crescente tensão no Oriente Médio, mas vários analistas internacionais alertam que as cotações não devem ceder tão cedo.

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Os especialistas dizem que o mais provável é preço do barril cruzar a barreira dos US$ 70 no curto prazo. A mensagem, portanto, é clara: preços mais altos do petróleo vieram para ficar.

Na segunda-feira, o barril do petróleo Brent fechou a sessão de negócios no patamar mais alto em mais de dois anos, a US$ 64,27. É bom lembrar que o Brent havia encerrado 2016 cotado a US$ 56,82, equivalente a uma alta de 51,43% em relação ao fechamento de 2015.

Se, de um lado, a forte alta dos últimos dias é resultado de um noticiário internacional explosivo, de outro, questões estruturais de demanda e oferta devem sustentar os preços em patamares mais elevados.

O capítulo mais recente de pressão nas cotações foi a onda de prisões de ministros e príncipes na Arábia Saudita que abalou a elite política do país como parte da ofensiva do governo contra a corrupção. Além disso, no fim de semana passado, o governo saudita informou que havia interceptado um ataque de míssil contra a capital Riad feito por rebeldes no Iêmen, que são apoiados pelo Irã. Mas a escalada nos preços do petróleo já vinha em curso bem antes dessa nova tensão geopolítica no Oriente Médio.

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Do lado da oferta, o impulso foi dado quando os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros grandes produtores, como a Rússia, fizeram um acordo para cortar a produção em 1,8 milhão de barris por dia.

O acordo era válido inicialmente por seis meses, mas depois foi estendido até março de 2018. Na segunda-feira, a Nigéria, que é isenta do acordo, sinalizou que pode aderir aos cortes. Além disso, é intensa a especulação no mercado de que o acordo da Opep limitando a produção possa mais uma vez ser estendido para além de março de 2018. A Arábia Saudita, um dos países com maior influência nas decisões da Opep, já se disse a favor da ampliação do acordo.

Do lado da demanda, o crescimento mais forte e disseminado da economia mundial está alimentando a procura por petróleo e derivados. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção de expansão do PIB global para 3,6% neste ano e 3,7% em 2018. Mais de dois terços dos países estão crescendo acima do Produto Interno Bruto (PIB) potencial.

E o número de países em recessão nunca foi tão pequeno. Não foi à toa que, em setembro passado, a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou a sua projeção da demanda por petróleo em 2017 de 1,3 milhão para 1,6 milhão de barris por dia.

E o que significa para o Brasil, e em particular para a Petrobrás, a recente disparada nos preços do petróleo no mercado internacional?

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Até o fechamento da bolsa de valores na segunda-feira, a ação preferencial da Petrobrás acumulava alta de 17,22% em 2017, sendo que nos últimos 30 dias a alta era de 11,09%.

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“O UBS possui hoje uma visão positiva ‘fora de consenso’ sobre o preço de petróleo e trabalhamos com US$ 70 por barril no longo prazo”, diz o analista de Petrobrás do banco UBS, Luiz Carvalho. Para ele, essa recuperação já era esperada, mas ocorreu mais cedo do que os analistas do banco imaginavam.

“Vemos esse cenário como extremamente positivo para a Petrobrás, dado que a companhia vem conseguindo repassar os preços de combustíveis para o consumidor final”, explica. “Atualmente vivemos um ‘casamento entre micro e macro’ fatores, no qual o petróleo acima de US$ 60 por barril, a retomada dos desinvestimentos e um cenário positivo na negociação da cessão onerosa não estão totalmente precificados na ação.”

Há, de fato, o risco de uma correção nos preços do petróleo caso países fora da Opep, como os Estados Unidos, voltem a elevar a extração do produto. Mas para especialistas como Roberto Friedlander, da corretora Seaport Global Securities, em relatório citado pela imprensa americana, é mais provável o petróleo bater em US$ 70 do que cair para US$ 50 novamente. 

*COLUNISTA DO BROADCAST 

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Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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