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A economia sem força para se reerguer, alerta o Ibre

Os indicadores e análises citados no último boletim mensal Macro Ibre, da FGV, apontam para um cenário econômico alarmante, sem perspectivas de retomada à vista. A se confirmarem as análises, a recessão poderá entrar no terceiro ano consecutivo em 2016. Editado pelos economistas Regis Bonelli, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, o boletim é redigido por especialistas nos diversos segmentos da atividade.

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Por Redação
Atualização:

Inflação, emprego, renda, câmbio, políticas monetária e fiscal, além da questão previdenciária, figuram entre os assuntos de maior destaque. Só resta à política econômica, afirmam os editores, “evitar cair na armadilha das propostas fáceis e persistir na busca do equilíbrio fiscal, origem das dificuldades atuais”.

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Os textos respondem a questões instigantes. A desvalorização cambial permitirá alguma reativação, ao estimular os exportadores? A resposta não é positiva. O aumento da exposição cambial das empresas e a ampliação do custo dos importadores tende a ser maior do que o aumento da receita das empresas exportadoras. Entre os motivos está o elevado passivo em moeda estrangeira das empresas não financeiras, superior a US$ 300 bilhões. Em resumo, é provável que a queda do real contribua para o aprofundamento da recessão.

As projeções de desemprego são piores que os dados conhecidos. A desocupação medida pela Pnad contínua, indicador amplo do IBGE, chegará a 9,4% no ano e 11,3% em 2016, o que se deve, em especial, ao aumento da população que busca atividade para compensar a perda de poder aquisitivo ou o desemprego na família.

A ameaça inflacionária provém, em parte, da alta de preços no atacado de itens como produtos químicos e commodities agrícolas. O cenário é ruim: os preços administrados corrigidos fortemente neste ano voltarão a subir em 2016. “Parte substancial desse reajuste deverá vir da Cide”, segundo o boletim Macro. Os autores dão como certa a alta da Cide, a contribuição de intervenção sobre o domínio econômico defendida como alternativa à CPMF.

O Brasil vive uma “certa forma de dominância fiscal”, diz o texto. Os indícios são de que uma alta de juros significaria maior percepção do risco país – e não a expectativa de que a inflação será controlada. Melhor é manter a Selic atual, sugere o economista José Julio Senna.

A fragilidade da economia explica o inconformismo de economistas ligados ao PT e ao Instituto Lula.