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A grande virada da Valentino

Como a marca criada pelo costureiro italiano, agora controlada por investidores do Qatar, virou a bola da vez entre as grifes de luxo

Por MARIA RITA ALONSO
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O vestido vermelho que marcou as coleções de Valentino Garavani, um dos maiores estilistas italianos de todos os tempos, é símbolo de glamour e poder há décadas. A elite brasileira, que sempre se identificou com suas roupas sofisticadas, responde por uma parcela expressiva de sua clientela, ao lado de celebridades americanas, europeias e, mais recentemente, milionárias asiáticas.

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No ano passado, de uma tacada só, a grife fez investimentos expressivos no Brasil. Além de duas lojas em São Paulo abertas há três anos, no Shopping Cidade Jardim, e uma no Rio, o grupo inaugurou em 2014 novos endereços no Rio, em Curitiba e no Recife, onde o mercado de luxo ainda engatinha. "Apesar da instabilidade econômica, continuo acreditando no potencial do Brasil para expandir a marca", diz o italiano Stefano Sassi, presidente do grupo. "O mercado brasileiro consome luxo e ama acompanhar a moda de perto."

O processo de expansão foi iniciado em 2012, com a venda da marca italiana para o grupo de investimentos Mayhoola, ligado à família real do Qatar (o mesmo que detém o controle da gigante Harrods, em Londres). Depois do afastamento do próprio Valentino e de seu sócio Giancarlo Giammetti, em 2007, a grife viveu momentos de queda de prestígio na moda e nos negócios. A virada ocorreu justamente com a chegada de Sassi à empresa. Ele adotou uma série de medidas que fez a Valentino voltar a ser vista como a bola da vez entre as grandes casas de moda.

Em 2014, a marca fechou com vendas de 664 milhões (36% mais que os 488 milhões registrados em 2013). Na comparação com 2010, o faturamento dobrou. "Além da alta costura e do prêt-à-porter, hoje parte dos lucros vem da venda de acessórios, da segunda linha feminina RED Valentino e da coleção de roupas masculinas", diz Sassi.

O primeiro passo acertado dado pelo executivo foi trocar a criação de mãos, colocando a dupla Pier Paolo Piccioli e Maria Grazia Chiurique, que por dez anos atuou como assistente de Valentino, na área de acessórios, no comando das coleções de prêt-à-porter e da alta-costura. Depois, Sassi administrou a chegada do grupo árabe e encabeçou um audacioso movimento de expansão, inaugurando lojas-conceito gigantescas com o traço minimalista e contemporâneo do arquiteto britânico David Chipperfield. No fim do ano passado, um edifício com mais de mil metros quadrados na Quinta Avenida, em Nova York, impressionou o mercado pelas suas dimensões. Em Shangai, há uma loja com a mesma linha.

Nova loja. Na quarta-feira passada, foi inaugurado o QG da marca em Roma, cidade natal de Valentino. A loja está localizada em plena Piazza di Spagna, o coração da cidade, em um edifício histórico com mais de 1,5 mil metros quadrados de área construída. A combinação da fachada histórica com as instalações modernas, escadarias de mármore e elementos de fibra de carbono dá um ar de palácio do século XXI ao lugar. A imprensa italiana especula que o grupo árabe tenha investido mais de 100 milhões no prédio.

A festa de abertura será no dia 9 de julho, com o desfile da coleção de alta-costura, excepcionalmente exibido fora de Paris, cidade habitual das apresentações.

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