Como é bem diferente do IPCA, o IGP-M mostra a força de outros fatores inflacionários, como os preços no atacado (IPA), que estão em alta justamente numa hora em que a recessão se aprofunda.
As pressões sobre o IGP-M também vieram dos preços ao consumidor (IPC), cuja alta passou de 0,68% em maio para 0,83% em junho, e até do custo da construção (INCC), cuja variação se acelerou de 0,45% para 1,87%. Trata-se, portanto, de uma elevação disseminada de preços.
A maior pressão sobre o IGP-M veio dos alimentos in natura, cujos preços médios caíram 2,62% em maio e subiram 1,8% em junho. Mas também os preços das matérias-primas brutas cresceram 0,24%, após a queda de 0,6% em maio. Entre os componentes do IPA, só os preços dos bens intermediários subiram menos (de 0,81% em maio para 0,36% em junho).
Entre as maiores altas no IPA estão minério de ferro, batata inglesa, carne bovina, ovos e adubos e fertilizantes compostos. No IPC, a maior pressão veio do jogo de loteria, da cebola, da taxa de água e esgoto das residências, do condomínio e das refeições em bares e restaurantes.
A alta do IGP-M terá impacto direto sobre os aluguéis, cuja atualização é, em geral, feita por esse índice. Como os aluguéis caíram, em média, 8% reais nos últimos 12 meses, até maio, segundo o Índice FipeZap, pode-se prever aumento dos conflitos entre locadores e locatários daqui para a frente.
Medida por seus vários índices, a inflação de 2015 tem como principal componente a alta dos preços administrados, que afetam tanto consumidores finais quanto empresas. Mas a evolução do IGP-M mostra que, nos casos de commodities ou de alimentos, a intensidade da recessão não bastou para impedir aumentos de preço.
O momento é difícil: a inflação afeta empresas e famílias no presente, mas o efeito da política monetária apertada sobre os preços só deverá ser decisivo em 2016.