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Opinião|A Microsoft está de volta

Com a compra do LinkedIn, a Microsoft reforça seu papel no mais lucrativo dos nichos

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Não é pouco o que Satya Nadella, o audacioso presidente executivo da Microsoft, pretende pagar pelo LinkedIn: US$ 26,5 bilhões. Analistas da Bolsa de Valores americana se mostraram ambivalentes, incertos. As últimas grandes aquisições da empresa, como o braço de celulares da Nokia, foram um retumbante fracasso. Mas Nadella não estava no comando ainda. E, se der certo, este negócio pode tirar a Microsoft do papel de coadjuvante.

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Na década de 1990, tudo era muito diferente. Até os primeiros anos da internet comercial, não havia empresa mais poderosa. A Microsoft controlava o Windows e, portanto, as regras que ditavam o que podia rodar ou não na maioria dos computadores do planeta. Chegou a tomar um processo antitruste do governo americano.

A internet mudou o jogo. O mundo dos negócios digitais é assim. Funciona em ciclos. A IBM foi grande no tempo dos grandes computadores. A Microsoft dominou o período dos micros offline. Vivemos, hoje, um triunvirato. Apple, Google e Facebook disputam o comando – e a Amazon corre por fora.

O valor está no que os do Vale do Silício chamam de sinais. Vivemos plugados o dia inteiro. Cada curtir num post, troca de e-mails, mensagem por WhatsApp, compra em loja ou busca à toa diz algo sobre nós. Nossos interesses são mapeados, as pessoas com quem conversamos muito ou falamos pouco. O conjunto destes sinais traça nosso perfil de consumo. O conjunto de perfis semelhantes mostra padrões para o marketing. E toda essa informação vale dinheiro. Muito dinheiro.

Assim, quem controla os smartphones, os serviços de busca e as redes sociais que usamos enxerga um bom pedaço destes sinais. Com a Nokia e seu Windows Phone, a Microsoft tentou entrar no ramo. Não deu: os smartphones são mesmo de Google (Android) e Apple (iPhone). Com o Bing, construiu um site de buscas robusto, mas pouco usado. Não bastasse, com seu pacote de e-mail, agenda, planilha e processador de texto, o Google ameaçou a Microsoft em seu terreno dominante: o das ferramentas de escritório. A Microsoft se via numa posição em que estava fora do Grande Jogo e já sentindo a concorrência dos novos reis do pedaço.

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Historicamente, a principal clientela da Microsoft são grandes empresas. É diferente dos casos de Apple, Google e Facebook, que são negócios voltados para o consumidor final. No tempo do software vendido em prateleiras, a pirataria era a norma nas residências. Difícil encontrar alguém que tinha cópia original dos programas que usava. Nas empresas, naturalmente mais preocupadas com a legalidade, era distinto. Foram elas que tornaram Bill Gates, fundador da Microsoft, o homem mais rico do mundo.

As empresas ainda são os principais clientes da Microsoft – e o LinkedIn é a mais importante rede social para usos profissionais. É, portanto, quem tem o potencial de mostrar como pessoas e empresas se interconectam e como os departamentos de recursos humanos operam. É a rede onde estão as pessoas que decidem a compra de produtos para seus negócios. É lá que estão os clientes da Microsoft.

O potencial como canal de vendas indireto é óbvio, mas as integrações podem ir além. Afinal, redes sociais servem para conversas e, no e-mail e na agenda, instrumentos fundamentais do mundo corporativo, a Microsoft ainda é líder.

Com essa compra, a Microsoft ainda não se põe em pé de igualdade com o triunvirato dominante. Mas reforça seu papel no mais lucrativo dos nichos.

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