Mas o comportamento das concessões de crédito teve diferenças: sem ajuste sazonal, as pessoas jurídicas tomaram nos bancos R$ 158,2 bilhões, ou seja, R$ 16,1 bilhões a mais do que em maio. A maior parte dos recursos (R$ 11,6 bilhões) veio de empréstimos com recursos livres, mais caros do que os direcionados.
Junho é um mês de vencimento de operações parcialmente renovadas. As empresas descontaram mais duplicatas e tomaram recursos em conta garantida (ao custo de 46,2% ao ano), mas também aumentaram em R$ 1,1 bilhão o endividamento no cheque especial, cujo custo é ainda maior (216,7% ao ano). Parece evidente o aperto de caixa das companhias.
Mais empréstimos novos também foram concedidos às pessoas físicas, atingindo R$ 164,8 bilhões, ou R$ 4,6 bilhões a mais do que no mês anterior. O endividamento total das famílias, medido pelo porcentual de dívidas no mês comparativamente à renda em 12 meses, pouco se alterou: 46,4% em maio e 46,3% em junho, leve alta de 0,7 ponto porcentual em 12 meses. Excluindo os financiamentos imobiliários, o endividamento caiu 1,6% em 12 meses.
O estoque de crédito direcionado para a compra da casa própria cresceu 1,1% no mês e 23,3% em 12 meses, mas se notou forte desaceleração nas concessões. Estas foram influenciadas pelo expressivo recuo entre abril e maio, de R$ 11,9 bilhões para R$ 8,5 bilhões, com leve recuperação em junho. E cresceram apenas 2,8% em 12 meses.
No geral, a relação entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) pouco variou – de 54,4%, em maio, para 54,5%, em junho –, influenciada pelo comportamento negativo do PIB. Os bancos estrangeiros emprestaram mais do que os nacionais privados e até que os estatais, mas é provável que tenha sido um fato esporádico. A tendência é de o crédito continuar muito apertado, em face dos juros altos e das incertezas de famílias e de empresas.