O primeiro semestre de 2015 já foi o pior para a atividade econômica em muitos anos – e não há indicações de que a situação será revertida nos próximos meses. Chama a atenção “a piora das expectativas, levando a um elevado grau de pessimismo em relação ao horizonte de três a seis meses”, disse Aloísio Campelo Jr., da FGV, sobre a indústria. Campelo também espera “um cenário ainda fraco” para o comércio no terceiro trimestre. Já Silvio Sales, consultor da FGV, nota que os indicadores de junho do setor de serviços “não trazem sinalização de melhora no curto prazo”.
Com ajuste sazonal, o índice de confiança da indústria caiu 19,2% entre dezembro de 2014 e junho de 2015, de 84,3 pontos para 68,1 pontos. A maior influência veio do índice de expectativas, que, nas mesmas datas, saiu de 84,6 pontos para 65,8 (-22,2%). No comércio, em que o índice de confiança caiu 16,3%, de 108,4 pontos para 90,7 pontos, a situação atual pesou mais, com declínio de 24,2%, chegando a 60,2 pontos. (Os indicadores abaixo de 100 pontos estão no campo negativo e acima, no positivo.)
O índice de confiança nos serviços caiu 20,1% no primeiro semestre, de 101,1 pontos para 80,7 pontos, mas as expectativas ainda estão no campo positivo (104,8 pontos), enquanto a situação atual chegou a um ponto baixíssimo: 56,7 pontos, com ajuste sazonal.
Segundo o ICF da FecomercioSP, a disposição de compra cedeu durante oito meses consecutivos, mas a queda se intensificou entre maio e junho, quando atingiu 9,1%, com o índice ficando em 81,7 pontos. E a previsão é de que a baixa prossiga nos próximos meses.
Com a exceção do setor agropecuário, a economia opera em ritmo baixo, seja no plano interno, seja no externo, que indica exportações em queda. As diversas sondagens de opinião apenas confirmam o cenário muito ruim para a atividade econômica, sem que se identifiquem caminhos para que a situação seja revertida. Antes de pensar em crescimento, será preciso cuidar da confiança.