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Abras condena restrição de entrada de vinho argentino ao Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se opôs às restrições para a entrada de vinhos argentinos no Brasil, em meio à troca de acusações entre industriais dos dois países por causa de disputas comerciais. Segundo a agência de notícias argentina Télam, a posição da Abras foi tomada durante as reuniões de negócios que estão sendo realizadas na província de Mendoza, de que participam produtores de vinho e mais de dez representantes das principais cadeias de supermercados de São Paulo e do sul do Brasil. O titular da Abras, João Carlos de Oliveira, afirmou que "seria lamentável a imposição de restrições à entrada de vinhos argentinos, porque os proprietários de supermercados do Brasil vendem milhares de produtos diferentes e querem liberdade para comprá-los". Oliveira, presidente da associação que reúne 72 mil empresas brasileiras, demonstrou sua intenção de "realizar operações importantes neste setor, já que os preços dos vinhos argentinos são muito competitivos". "Os brasileiros querem comprar, se for possível sem taxas elevadas, mas, em contrapartida, os industriais brasileiros também querem vender para a Argentina", afirmou Oliveira, ao se referir às rixas entre industriais dos dois países. O gerente da União Vitivinícola Argentina (UVA), Sergio Villanueva, afirmou que "os vinhos argentinos são mais acessíveis que os brasileiros por causa da qualidade e do preço". "As restrições à entrada do vinho argentino no Brasil são basicamente impulsionadas por importadores de vinhos que perdem a rentabilidade, já que vendem vinhos europeus mais caros, mas da mesma qualidade", acrescentou Villanueva. Negociações As rodadas de negociações entre os empresários pretendem reverter os conflitos comerciais entre industriais dos dois países em setores como o calçado, os eletrodomésticos e o vinho. No entanto, fontes da Secretaria de Indústria da Argentina advertiram que, se não forem feitos acordos entre os empresários, serão impostas "medidas unilaterais" para frear a "invasão" de alguns produtos brasileiros. A Argentina pede ao Brasil algumas proteções comerciais para moderar as "assimetrias econômicas" que beneficiam os brasileiros, enquanto no caso do vinho, estes últimos se queixam que perdem cotas de mercado por causa da entrada de vinhos argentinos de baixa qualidade. Segundo números oficiais, o consumo de vinhos na Argentina é de 30 litros anuais por habitante frente a 1,7 litro do Brasil, onde se consomem 40 litros de cerveja por ano por habitante e 7,2 litros de cachaça. Apesar do baixo consumo de vinho no Brasil, o país é um mercado importante para as adegas da Argentina, já que a população brasileira é de 170 milhões de habitantes frente aos 36,5 milhões de argentinos. Em 2004, 15 milhões de litros de vinhos argentinos entraram no mercado brasileiro, o triplo que em 2003.

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