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Adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro foi 'ótimo', diz Temer

Segundo o presidente, os deputados perceberão durante o recesso que não há 'oposição feroz' às mudanças nas regras das aposentadorias propostas pelo governo; recém-empossado, Marun fala que 'não há compromisso' de flexibilizar a reforma

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Por Felipe Frazão e Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da República, Michel Temer, disse nesta sexta-feira, 15, que o adiamento da votação da reforma da Previdência para 19 de fevereiro foi "ótimo", porque a matéria é "difícil" e os deputados vão perceber, durante o recesso, que não há "oposição feroz" quanto ao tema. Segundo ele, boa parte da população confia na Previdência, e o governo conta com a "compreensão oculta" dos líderes da oposição.

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"Acho que temos a compreensão, ainda que oculta, dos líderes da oposição. Essa é uma questão de Estado. Você conserta o Estado brasileiro hoje e ele vai servir para quem vier depois. E não se sabe quem é. Portanto, quem vier depois encontrará um Brasil arrumado, nos trilhos", afirmou Temer no Palácio do Planalto, em Brasília.

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'Não queremos constranger deputados e senadores', disse Temer ao explicar o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O presidente também tentou convencer os deputados a conversar com seus eleitores nos Estados durante o recesso parlamentar, que se inicia na próxima semana. "'Ah, vai ficar para fevereiro'. Ótimo. Não queremos constranger deputados e senadores. Quando tivermos os 308 votos, não vamos constranger nenhum deputado. Nenhum líder quer isso", afirmou Temer. "Em janeiro, os nossos parlamentares vão para suas bases e vão verificar que não há uma oposição feroz em relação à Previdência e, portanto, voltarão, penso eu, muito mais animados para votar a reforma em fevereiro."

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Temer presidiu a cerimônia de transição na Secretaria de Governo, entre o ex-ministro Antônio Imbassahy (PSDB-BA), a quem o presidente agradeceu, e o novo titular, Carlos Marun (PMDB-MS). Temer afirmou que Marun será um gigante a favor da reforma. Ele pediu que o novo ministro dedique dia e noite, até 20 horas por dia, no assunto. "Você tem energia para isso."

O presidente citou as oscilações no mercado financeiro por causa dos sinais de andamento ou retrocesso na tramitação da reforma e afirmou que confia na seriedade e higidez do Congresso Nacional para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria. "Toda vez que há uma coisinha mínima, acham que a Previdência não será aprovada, a bolsa cai", disse.

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"Eu vejo hoje que há certo desalento, a ideia de que vai dar tudo errado, pode ser que os juros subam, que a inflação volte, que a economia não prospere. Digo aqui em alto e bom som: Nós vamos aprovar a Previdência no Congresso, não temos dúvida disso."

Nenhum compromisso. A despeito dos recentes acenos quanto à adoção de uma regra de transição para servidores públicos que ingressaram antes de 2003, o recém-empossado ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo não firmou nenhum compromisso de atender a novos pedidos de flexibilização na reforma da Previdência.

Segundo ele, não adianta desidratar ainda mais a proposta se isso não for agregar votos para aprovar o texto. O ministro também foi enfático sobre a necessidade de manter os pontos centrais da proposta, entre eles o fim dos privilégios.

"O governo sempre ouviu, continua ouvindo. Agora, não temos nenhum compromisso com qualquer tipo de flexibilização. Quando e se for (flexibilizado), os senhores saberão", afirmou. "O governo não aceita mudança na espinha dorsal da reforma, que é o fim dos privilégios", acrescentou.

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Assim como Temer, Marun disse que o recesso parlamentar, visto por muitos como fator com potencial de dificultar o trabalho de angariar votos para aprovar a proposta, "pode ter efeito diferente". Segundo ele, muitos parlamentares retornarão às suas bases e poderão "receber apelo" pela aprovação da reforma, já que, na visão do governo, o apoio da população está crescendo.

"Pesquisas já apontam 37% da população favorável à reforma, há poucos dias não tínhamos nem 10%", afirmou. "Temos confiança muito grande neste evidente aumento da compreensão da população sobre necessidade da reforma."

Marun afirmou que o governo vai continuar com a propaganda da reforma da Previdência com o objetivo de ampliar a "consciência da população sobre a necessidade da reforma". "Se a população estiver consciente, os votos virão com menor dificuldade", disse.

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