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Adoção de idade mínima seria solução por tempo limitado

Estudo mostra que, apenas com adoção do limite de idade, gastos com Previdência ficariam estáveis por dez anos

Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Foto do author Adriana Fernandes
Por Murilo Rodrigues Alves , Adriana Fernandes e BRASÍLIA
Atualização:
 Foto: INFOGRÁFICO/ESTADÃO

Projeções realizadas por economistas do governo indicam que, mesmo com reformas, as despesas com a Previdência Social continuarão crescendo, principalmente no longo prazo, exigindo medidas adicionais, como o aumento da carga tributária, para compensar o maior custo com aposentadorias e pensões.

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Nos cenários mais otimistas, em que uma regra de idade mínima seja aprovada, o gasto se estabilizaria em torno dos atuais 8% do PIB por uma década, mas depois voltaria a crescer até atingir quase 10% do PIB em 2040 e 14% do PIB em 2060.

A proposta em estudo pelo governo, de adoção da idade mínima de 65 e 60 anos para homens e mulheres, de forma progressiva, é uma alternativa considerada efetiva para melhorar a trajetória das despesas previdenciárias no longo prazo, mas não resolverá o problema, na avaliação dos economistas do governo. Traria benefícios por tempo limitado e teria de ser complementada por outras reformas.

“Parece claro que a alternativa de adoção de uma idade mínima não melhorará substantivamente o cenário de longo prazo que tínhamos antes da flexibilização do fator previdenciário”, diz estudo que trata da introdução no Brasil da idade mínima e o fim do fator previdenciário, elaborado este ano por pesquisadores liderados por Marcelo Caetano, atual secretário de Previdência do Ministério da Fazenda e pesquisador do Ipea.

O trabalho, ainda não publicado, foi feito antes de Caetano integrar a equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O especialista agora faz parte do grupo do governo que prepara a proposta de reforma da Previdência. A expectativa é que a proposta seja enviada até o final do ano para ser votada em 2017.

Insuficiente. No estudo, que conta com a participação de outros cinco especialistas do governo, a introdução da idade mínima é vista como uma alternativa necessária, mas insuficiente. Medidas adicionais – como a redução da diferença de exigências entre homens e mulheres e a desvinculação entre o salário mínimo e o piso previdenciário – terão de ser consideradas.

O problema todo está concentrado no fenômeno do envelhecimento populacional. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade vai pular de 12% para 24% nos próximos 24 anos e chegará a 33,7% em 2060. A idade mínima teria o efeito de adiar o projeto de aposentadoria de parte da população por um período de tempo, mas seria neutralizada no longo prazo pelos novos aumentos na expectativa de vida, fazendo que o gasto cresça em proporção do PIB.

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As projeções demográficas indicam que por um bom tempo esse contingente de idosos vai crescer a uma taxa de 3%, enquanto a população vai crescer bem menos. O economista Sérgio Gobetti, do Ipea, alerta que essa tendência também dependerá de quanto crescer o PIB, os salários e de como serão reajustados os benefícios previdenciários daqui para a frente. Mas ele considera inevitável um ajuste na carga tributária.

“O caminho do ajuste via arrocho salarial seria um retrocesso para a sociedade brasileira e não garante o equilíbrio das contas”, diz. “O ajuste na carga tributária não só é necessário, mas desejável, porque permite a rediscussão de algumas distorções da legislação tributária que geram ineficiência econômica e iniquidade social.”

Mais da metade dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziram a tributação do lucro das empresas, mas mais do que compensaram isso com o aumento da tributação dos dividendos distribuídos a acionistas entre 2008 e 2015.