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Adoção do big data pode elevar a eficiência da saúde em 35%

A análise de dados de hospitais, laboratórios e dos usuários tende a reduzir o desperdício e aumentar a produtividade

Por Mariana Lima
Atualização:
  Foto: HÉLVIO ROMERO | ESTADÃO CONTEÚDO

A análise de dados pode melhorar a eficiência e a qualidade do sistema de saúde. É o que aponta Tracy Francis, diretora no Brasil da Consultoria McKinsey e palestrante do Fóruns Estadão Gestão da Informação, realizado na terça-feira.

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O uso de big data e análise de dados de hospitais, laboratórios e dos próprios usuários tende a reduzir o desperdício – um dos principais fatores que oneram o sistema de saúde – e aumentar a produtividade.

Segundo Tracy, 74% dos pacientes repetem as mesmas informações para diferentes médicos. No que diz respeito a exames laboratoriais, ao menos 60% dos pacientes dizem realizar o mesmo procedimento mais de uma vez. Em ambos os casos, um banco de dados poderia reduzir o tempo das consultas e aumentar a produtividade das atividades médicas.

“Conseguimos comprovar que o sistema pode ficar em média 35% mais eficiente se usarmos big data e análise de dados. Num mercado de milhões de dólares, o impacto é muito visível”, diz Tracy.

Com a entrada de multinacionais de tecnologia como Google e Apple no mercado de saúde, o volume de dados deve crescer exponencialmente nos próximos meses. As duas empresas oferecem aplicativos gratuitos para registrar e monitorar informações pessoais como peso, altura e batimentos cardíacos.

“Temos novas tecnologias que permitem que o paciente faça o próprio monitoramento de saúde, tenha transparência do que está acontecendo com ele e gerencie a interação com o médico. O paciente não ter o histórico do que aconteceu com ele durante sua vida inteira é um dos problemas mais graves”, afirma a diretora da McKinsey.

No caso do Brasil, a coleta e análise de dados podem trazer um ganho ainda maior. Isso porque a universalidade dos serviços de saúde pública previstos no Sistema Único de Saúde (SUS) é, ao mesmo tempo, o item que coloca o País como destaque mundial, mas vê crescer a insatisfação dos usuários.

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“O projeto do SUS é muito bonito, mas não é sustentável em épocas de crise econômica. O modelo brasileiro é extremamente abrangente em comparação a outros países, se levarmos em conta o PIB (Produto Interno Bruto) per capita”, sustenta a especialista.

Em outros países, como o Reino Unido, a aplicação de big data no sistema público já tem se tornado realidade. A expectativa do país é que, até 2018, todos os registros de atenção primária e emergência estejam integrados num mesmo banco de dados (ver quadro na pág. H2).

No cenário brasileiro, uma integração federal pode demorar mais tempo, na visão de Francis. “A legislação nacional distribui responsabilidades entre os diferentes níveis da federação. Dificilmente um município vai querer coletar todos os dados, se ele só tem obrigação de prestar atenção primária, por exemplo.”

Uma alternativa, segundo ela, seria implementar bases de dados em diferentes camadas, com integração entre si.

“Teremos de descobrir uma forma de atender a parte expressiva da população que circula tanto no sistema público quanto no privado. Para esse paciente não vai adiantar ter metade dos dados num servidor público e outra num privado. Vamos ter de descer do nível federal, granular e ver como podemos fazer para haver cooperação”, diz.

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