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Ajuste fiscal cobra preço do crescimento no curto prazo, diz diretor do BC

Luiz Awazu Pereira disse ainda que dados recentes mostram que existem novos riscos para a inflação de 2016 e que o Banco Central precisa manter a cautela

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e Álvaro Campos
Atualização:
Diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira Foto: Dida Sampaio/Estadão

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, afirmou que o Brasil está promovendo um ajuste macroeconômico clássico e necessário, que como era esperado está cobrando um preço do crescimento no curto prazo. Ele lembrou que o País está apertando as políticas fiscal e monetária e realinhando preços relativos (ou seja, preços regulados ante livres e preços domésticos ante internacionais).

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"Esse processo de ajuste visa reduzir desequilíbrios macroeconômicos como nosso déficit em conta corrente, reconstruir nosso espaço fiscal usado durante nossa resposta contracíclica para a crise financeira internacional e redirecionar nossa economia para um novo ciclo sustentável de crescimento", afirmou. Ao mencionar o impacto no crescimento de curto prazo, ele comentou que o BC está "observando cuidadosamente os desdobramentos que derivam da nossa política, mas que também têm sido alimentados pelo efeito de eventos não econômicos".

Awazu lembrou que, como qualquer ajuste, o atual exige sacrifícios de muitos, mas visa construir uma base sólida para o novo ciclo de crescimento. Para ele, a melhor contribuição que a política monetária pode dar para as perspectivas de crescimento do Brasil é ajudar na consolidação de um cenário macroeconômico estável e favorável em horizontes mais longos, ao trazer a inflação para a meta e ancorá-la. 

Ele aponta que os resultados iniciais de 2015 mostram que o processo de ajuste está funcionando e cita a melhora na conta corrente. O diretor do BC também menciona a ancoragem das expectativas de inflação no médio prazo e cita nominalmente os anos de 2017, 2018 e 2019, para os quais as expectativas já estão no centro de meta, de 4,5%. "Por outro lado, o recente ajuste duplo de preços relativos impactou a inflação na primeira metade de 2015, aumentando a inflação acumulada em 12 meses". 

Inflação. A cinco dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o rumo da taxa básica de juros, atualmente, em 13,75% ao ano, Awazu fez observações duras durante o seminário no Rio de Janeiro. Segundo ele, apesar de alguns inegáveis resultados positivos, dados recentes mostram que existem novos riscos para a inflação de 2016 que podem afetar os horizontes de longo prazo.

O BC, de acordo com o diretor, avalia que o cenário de convergência de inflação para 4,5% no ano que vem tem produzindo alguns sinais positivos que mostram que a instituição está no caminho certo. "Os progressos até agora na luta contra a inflação, no entanto, precisam ser equilibrados contra os riscos mais recentes que ameaçam o nosso objetivo central no horizonte relevante para a política monetária", alertou. 

Por isso, de acordo com Awazu, é preciso "manter a cautela" neste momento, em particular. "É primordial ser vigilante para se certificar de que a política monetária reflete o balanço de riscos a partir de agora e continua a ser devidamente calibrada para atingir o nosso objetivo." 

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