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Alemanha e França convocam cúpula

Angela Merkel e François Hollande terão reunião extraordinária hoje em Paris

Por Andrei Netto e Correspondente
Atualização:

Os governos da França e da Alemanha reagiram na noite de ontem ao resultado do plebiscito na Grécia com uma mensagem de mobilização – mas sem indicar se no sentido de manter o país ou não na zona do euro. A primeira reunião bilateral ocorrerá hoje no Palácio do Eliseu, em Paris, entre o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Amanhã, uma reunião de cúpula extraordinária será realizada em Bruxelas.

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As negociações entre a Grécia e seus credores internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) – foram suspensas na quarta-feira, quando o fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) anunciou que aguardaria o plebiscito antes de retomar a discussão.

Ontem à noite, a movimentação política já era clara nas principais capitais europeias. Vencedor, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, telefonou para Hollande, segundo confirmou o Palácio do Eliseu. Ele teria feito o mesmo com Merkel, mas essa confirmação não foi dada pela chancelaria.

Hollande, por sua vez, conversou ontem com Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e com Martin Schultz, presidente do Parlamento Europeu. Sua articulação tem como objetivo relançar as negociações entre Atenas e Bruxelas e mediar um entendimento que garanta a permanência da Grécia na zona do euro, o que tem defendido em público nos últimos dias.

Para tanto, o tema deve ser retirado da alçada do Eurogrupo, que em cinco meses de negociações foi incapaz de chegar a um acordo, e passar para a esfera de chefes de Estado e de governo.

A ofensiva diplomática da França pela permanência da Grécia na zona do euro, entretanto, deve encontrar resistências no governo alemão. Merkel é pressionada não só por membros de seu partido, o Cristão-Democrata (CDU), mas pelos parceiros de coalizão sociais-democratas (SPD) para “organizar” a saída do país do bloco de 19 países que compartilham a moeda única.

Ontem, enquanto a chanceler se preservou de qualquer declaração oficial, o ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que a retomada das negociações seria “dificilmente imaginável”. “Tsipras queimou as últimas pontes. Tsipras e seu governo levam o povo grego à desesperança.”

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Recusa. O discurso contrasta com o do governo grego. Em sua primeira declaração pública, Tsipras afirmou que a vitória do “Não” no plebiscito – uma clara recusa da política de austeridade fiscal defendida pela Alemanha – “não representa uma ruptura com a Europa, mas um reforço de nosso poder de negociação”. O premiê deixou claro, ainda, que a questão da reestruturação da dívida da Grécia terá de constar do acordo a ser firmado com a Europa.

Em entrevista coletiva após os primeiros resultados do plebiscito, o ministro grego de Finanças, Yanis Varoufakis, argumentou que a Grécia disse “chega a cinco anos de austeridade”, mas assegurou que o governo quer um acordo para permanecer na zona do euro.

“Nós vamos negociar de forma positiva com o BCE e a Comissão Europeia”, afirmou Varoufakis, sem mencionar o FMI. “A partir de amanhã (hoje) a Europa, cujo coração bate na Grécia nesta noite, vai começar a curar suas feridas, nossas feridas. O ‘Não’ de hoje é um grande ‘Sim’ a uma Europa democrática.”

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A decisão da população grega de recusar o acordo proposto pela UE repercutiu também na Rússia, país que tenta se aproximar da Grécia. “Não podemos não compreender o resultado como um passo em direção à saída da Grécia da zona do euro”, afirmou o ministro da Economia, Alexei Likhatchev, em entrevista à agência oficial Tass.

A expectativa agora se volta para a reação dos mercados financeiros na Ásia e na Europa. Ontem, no mercado de câmbio – cujas trocas eletrônicas precedem a abertura das bolsas na Ásia –, o euro estava em baixa de 1,58% em relação ao valor do dólar na sexta-feira, em US$ 1,0963.

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