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Alemanha investiga Volkswagen por manipulação de mercado

Regulador avalia se houve negociação irregular das ações da companhia antes do comunicado de uma fraude envolvendo 11 milhões de veículos

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Por Redação
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O órgão supervisor financeiro da Alemanha, BaFin, disse nesta quarta-feira, 23, que está investigando se a Volkswagen deveria ter revelado informações sobre o escândalo das emissões de poluentes antes do que foi anunciado. O regulador também avalia se o atraso poderia ter levado à negociação irregular das ações da fabricante de automóveis, que caíram acentuadamente nos últimos dois dias.

A Volkswagen anunciou que até 11 milhões de veículos seus em todo o mundo poderão ser afetados por um software supostamente usado para burlar testes de emissões de poluentes.

Presidente da Volkswgen se desculpou em vídeo divulgado no site da montadora Foto: JOHANNES EISELE/AFP

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Notícias da investigação vieram em meio a uma reunião de membros do conselho de supervisão da Volkswagen, que devem discutir a crescente crise na empresa que, na terça-feira, anunciou planos de fazer uma provisão de € 6,5 bilhões (US$ 7,27 bilhões) neste trimestre, o que forçará a empresa a reduzir sua projeção de lucro para este ano.

O BaFin, com sede em Frankfurt, está analisando a evolução do mercado para acusações de possível abuso de informação privilegiada ou alguma outra manipulação. Um porta-voz da BaFin disse que a investigação é "de rotina" e que não houve conclusões antecipadas. 

Como parte da investigação, a Volkswagen será questionada até que ponto o conselho executivo sabia sobre a questão das emissões e o quanto as pessoas sabiam, disse o porta-voz.

A agência também vai olhar para o calendário de declarações da Volkswagen sobre a questão porque qualquer informação relevante para o mercado tem que ser divulgada imediatamente.

O escândalo ambiental envolvendo a montadora alemã teve início nos Estados Unidos na sexta-feira, quando a Agência de Proteção Ambiental acusou a Volkswagen de usar o software para fraudar testes de emissões em veículos a diesel. De acordo com os reguladores norte-americanos, a Volkswagen tinha conhecimento do problema há algum tempo, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

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A Volkswagen primeiro abordou a questão publicamente no domingo, quando o presidente-executivo, Martin Winterkorn, pediu desculpas. Ontem, ele reconheceu a má conduta e disse que o software utilizado para contornar as emissões nos testes poderiam afetar 11 milhões de veículos.

As ações da Volkswagen fecharam em queda de 19% na segunda-feira e chegaram a cair mais de 20% na terça-feira, em resposta à crise. No entanto, as ações da companhia sobem mais de 6% na negociação desta quarta-feira, 23.

Os investidores estão agora à espera de atualizações, com a reunião de membros do conselho de supervisão da companhia na próxima sexta-feira.

Na semana passada, era esperado que os membros do conselho aprovassem uma extensão do contrato do presidente executivo da companhia, Winterkorn. No entanto, agora há dúvidas sobre sua permanência no cargo.

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Na França, a ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royal, pediu um sistema de testes mais transparente e disse que o uso de incentivos fiscais de energia limpa para vender carros com testes enganosos de emissões é equivalente a roubar dinheiro do governo.

"Os consumidores, trabalhadores da indústria automobilística e o governo são todos vítimas da crise de emissões da Volkswagen", disse Royal, depois de se reunir com o presidente da França, François Hollande. A ministra disse que o governo também estava investigando se a fraude fiscal foi cometida por qualquer fabricante que se aproveitou de incentivos fiscais para impulsionar as vendas de carros ostensivamente com baixas emissões. (Com informações da Dow Jones Newswires).

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