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Alta do minério de ferro impulsiona Vale e siderúrgicas

Preço da commodity subiu de US$ 41 a tonelada em janeiro do ano passado para US$ 92,20

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A alta do preço do minério de ferro, cuja cotação mais que dobrou em pouco mais de um ano, tem ajudado a puxar o desempenho do setor no Brasil, em especial da Vale, uma das maiores fabricantes e exportadoras de minério de ferro do mundo.

O preço da commodity, que em janeiro de 2016 estava em US$ 41 a tonelada seca, atingiu US$ 92,20 nesta segunda-feira, 13, após alta de 5,5%. É o maior patamar em mais de três anos na cotação do porto de Qingdao, na China.

Com alta no minério de ferro, ação da Vale subiu 9,18% Foto: Marta Nogueira/Reuters

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Puxada por esse ganho, a mineradora foi destaque do Ibovespa, com alta de 9,18% na Vale ON, a R$ 35,72, maior cotação de fechamento desde 10 de janeiro de 2013 e maior alta porcentual diária desde abril do ano passado.

Para o analista da Guide Investimentos, Rafael Yassuo Ohmachi, a China tem conseguido manter suas atividades relativamente estáveis, apesar dos temores de uma desaceleração econômica no país.

“A China continua recebendo estímulos do governo, principalmente no setor de infraestrutura imobiliária, altamente sensível à questão do aço e consequentemente do minério de ferro”, afirma Ohmachi.

O bom desempenho da Vale – e também de siderúrgicas brasileiras, como Gerdau PN (alta de 3,18%) e CSN ON (alta de 2,36%) – também se repetiu em outros mercados. Em Londres, por exemplo, os papéis da mineradora Anglo American tiveram valorização de 4,21%, os da Rio Tinto de 3% e os da Glencore subiram 2,56%.

Na visão de Ohmachi, com os preços do minério de ferro voltando aos níveis de US$ 90 a US$ 90, é possível que outras mineradoras, mesmo as menos eficientes em comparação à Vale, aumentem a produção e passem a oferecer preços mais baixos, reduzindo assim a cotação do produto.

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Leonardo Correa, do BTG Pactual, vê o movimento de alta da cotação do minério de ferro como “exagerado”. Segundo ele, houve, no lado da oferta, uma conjunção de fatores com a saída da Samarco do mercado e a desaceleração da expansão de empresas como a própria Vale, a BHP e Rio Tinto, “que estão priorizando margens em detrimento de volumes.” Já do outro lado houve o choque da demanda da China, acima do esperado.

Exportações. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, também vê um “componente de especulação” na alta recente do preço do minério. Os preços para exportação do produto saíram de US$ 23 a tonelada em fevereiro do ano passado para US$ 58 na semana passada, uma alta de 153%.

A especulação, em parte, viria de expectativas de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará grandes investimentos em infraestrutura, o que deve ampliar a demanda por aço.

Para o Brasil, a alta é positiva, pois ajuda a melhorar os resultados da balança comercial. Em janeiro do ano passado, o País exportou US$ 656 milhões em minério de ferro, o equivalente a 5,8% das exportações totais. No mês passado, o valor atingiu US$ 1,62 bilhão, ou 10,9% do total.

Castro têm dúvidas se os preços vão continuar elevados. Caso se mantenham nesse ritmo, é possível que o superávit da balança comercial brasileira supere um pouco a previsão da AEB para este ano, que é de US$ 51,6 bilhões, ante US$ 47 bilhões registrados no ano passado.

“Pode até subir um pouco, mas vai depender também das importações pois, se a atividade econômica crescer, o País terá de importar mais petróleo e isso também vai afetar o resultado da balança”, disse Castro./ COLABOROU RENATO CARVALHO, COM REUTERS

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