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Ambev muda, e ações sobem 11%

Investidor aprova nova estrutura acionária

Por LÍLIAN CUNHA
Atualização:

A reestruturação acionária da Ambev, anunciada na noite de sexta-feira, trará novos investidores que hoje não podem investir na empresa, conforme explicou ontem Nelson José Jamel, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia de bebidas. "Há grandes fundos de investimentos que hoje, por mandato, não podem investir na Ambev. Eles só investem em empresas que têm 100% de ações ordinárias", afirmou. Por isso, segundo ele, a empresa quer reorganizar sua estrutura acionária, transformando todas as ações preferenciais em ordinárias. A proposta será votada em assembleia marcada para maio. "Todas as oito maiores fabricantes de bebidas do mundo hoje só têm ações ordinárias. Com a mudança, vamos fechar esse 'gap' e seremos tão atrativos para investimentos quanto esses pares globais", afirmou Jamel. Ontem, primeiro dia de pregão após o anúncio da mudança, as ações ordinárias da cervejaria chegaram a ter alta de mais de 12%. Fecharam o dia com valorização de 11,29%, a R$ 85,25. As preferenciais tiveram elevação de 0,18%, fechando a R$ 87,91. Hoje, cerca de 56% das ações da empresa são ordinárias, com direito a voto, e 44% são preferenciais. "A maior parte dos pequenos acionistas tem ações preferenciais, e essa troca será benéfica para eles", disse Gabriel Vaz de Lima, analista do Barclays Capital. Esses minoritários, segundo ele, só têm a ganhar com a mudança (a relação de troca entre preferenciais e ordinárias será de um para um)."Há muito tempo existe um temor de que a empresa faça uma aquisição e para isso use as ações preferenciais. Isso prejudicaria os minoritários. Agora, com a unificação, eles se sentirão mais protegidos", afirmou o analista. Atualmente, os donos de ações preferenciais têm direito a um dividendo prioritário. Com a mudança, eles perdem esse benefício, que conferia a eles dividendos 10% maiores. "Mas o que eles perdem acaba sendo compensado pelas ações ordinárias de uma companhia que terá uma estrutura melhor e ainda mais enxuta", disse Rodrigo Maggi Martin, analista da Quantitas. "Com essas mudanças, as ações podem se valorizar ainda mais, e agora o céu é o limite para a Ambev", afirmou. Além disso, segundo ele, a mudança trará mais liquidez aos papéis da companhia, que também será beneficiada por economias. "Vamos fechar cinco subsidiárias que existem desde o tempo da fusão entre Brahma e Antarctica, e isso trará redução de custos", disse Jamel. A empresa, segundo ele, ainda não definiu quais subsidiárias serão essas e também não calculou quanto poderá economizar. Também serão indicados dois novos membros independentes para o conselho administrativo. Os nomes serão divulgados pouco antes da assembleia sobre a reorganização. A fabricante de bebidas também se beneficiará com R$ 105 milhões em ágio que poderão ser usados para pagamento de impostos. "A AmbevPar, que tem hoje 0,5% da Ambev, será a incorporadora da nova Ambev. Essa empresa, entre 2005 e 2007, comprou ações da Ambev e esse ágio foi gerado. Se a mudança for aprovada, poderemos usá-lo para fins fiscais", explicou Jamel. Alguns analistas disseram que a mudança acionária pode também ser o primeiro passo da empresa para uma futura unificação com a controladora Anheuser-Busch InBev. A Ambev, porém, disse que isso não está em seus planos.

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