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ANÁLISE: Enfim, uma luz clara no fim do túnel

O comportamento recente da inflação tem contribuído para desanuviar o cenário, e abre a perspectiva de retomada da atividade econômica em bases seguras

Por Heron do Carmo
Atualização:

Os indicadores econômicos mais auspiciosos na atual conjuntura econômica brasileira têm sido o IPCA e o INPC calculados pelo IBGE, não só pela tendência de queda da variação acumulada em 12 meses desde setembro do ano passado, mas pela perspectiva de continuidade dessa tendência até agosto deste ano. Considerando que, contrariando a tendência sazonal para o período de maio a agosto, no ano passado o IPCA e o INPC acumularam aproximadamente 2,1% e 2,4% enquanto a perspectiva para este ano é de variação no próximo quadrimestre inferior em um ponto de porcentagem, é muito provável que no acumulado de 12 meses o IPCA fique um pouco acima e o INPC um pouco abaixo de 3%.

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Com isso, o recuo da taxa de inflação seria, aproximadamente, de 6 pontos porcentuais, relativamente a agosto de 2016. Esses números podem sofrer alteração no fechamento do ano, mas levando em conta o efeito cumulativo da retração da atividade, aliado à maior consistência da política econômica aplicada desde o ano passado, é muito pouco provável que até lá haja mudança significativa no ritmo da inflação.

O comportamento recente da inflação tem contribuído para desanuviar o cenário, e abre a perspectiva de retomada da atividade econômica em bases seguras. Como a inflação apresentou recuo mais acentuado que a taxa básica de juros, o Banco Central passa a ter mais flexibilidade para controlar o ritmo e o timing da redução da taxa de juros. A redução da taxa de juros, por sua vez, contribuirá por diversos canais para a expansão do crédito e, consequentemente, estimulando a atividade econômica. Também é importante considerar seus efeitos positivos diretos e indiretos para as contas públicas.

Com relação ao ajuste em prazo mais longo o ponto importante é que, muito provavelmente, o CMN será levado a reduzir a meta da inflação, quiçá já para o próximo ano. Isso em um cenário de melhora nas contas externas e no risco país e de perspectiva de maior controle das contas públicas, apesar de eventuais dificuldades de ordem política. Tudo isso enseja otimismo realista, pois o ajuste inflacionário obtido pode ser creditado, além da melhora do clima, ao bom trabalho dos responsáveis pela condução da política econômica.

*PESQUISADOR DA FIPE E PROFESSOR DA FEA-USP