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Análise: Greve é tentativa política da oposição de voltar para o jogo

A agenda das reformas trabalhista e previdenciária deu à oposição um discurso para tentar recuperar apoio dos eleitores

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Derrotada expressivamente nas últimas eleições municipais e com alguns de seus maiores expoentes envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato, a oposição utiliza a mobilização da chamada greve geral para tentar reocupar espaço na disputa política nacional. Na prática, a agenda das reformas trabalhista e previdenciária deu à oposição um discurso para tentar recuperar apoio dos eleitores, pregando que trabalhadores e aposentados perderão seus direitos com as propostas bancadas pelo governo de Michel Temer. Se esse discurso é discutível no seu conteúdo,  dá à oposição e, em especial, ao PT, algum tipo de fôlego para tentar sair do canto do ringue político para o qual foi arremessada nas eleições do ano passado. O problema é que a paralisação dos meios de transportes e a proximidade de um feriadão não permitem saber o quanto de adesão popular real existe a esse discurso antireformista. E, mesmo que haja, não dá para calcular se as pessoas estão dispostas a se realinhar às propostas da oposição por causa disso. As eleições passadas, aliás, indicam que não. Misturada com os escândalos de corrupção, a eventual insatisfação com as propostas parece mais propensa a aumentar o combustível dos chamados não políticos.

No protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, manifestantes levaram faixas com os dizeres "Não somos máquinas, somos seres humanos e temos direitos". Foto: Werther Santana/Estadão

Também é impossível ignorar que as centrais sindicais se mobilizaram fortemente no dia de hoje para tentar reverter a aprovação do fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, o que lhes cortará oxigênio financeiro. Se a proposta tivesse sido derrubada, sua adesão seria, sem dúvida, muito mais baixa. Com Luiz Inácio Lula da Silva liderando as primeiras pesquisas de intenção de voto para 2018, mas com o peito cravado de flechas vindas da direção da Lava Jato, o discurso antireformista e em defesa dos trabalhadores cai do céu para a oposição, que não precisa falar apenas sobre denúncias de corrupção. O problema é que apenas trabalhar para explodir o governo Temer, sem trazer propostas alternativas consistentes para recuperar a economia, pode fazer o tiro político sair pela culatra, à medida em que atrasa ainda mais qualquer tentativa de recuperação do Pais e, claro, dos empregos.

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