PUBLICIDADE

Análise: Pacto por um mínimo de crescimento

Precisamos urgentemente de uma solução intermediária que nos leve a bom termo

Por Raul Velloso
Atualização:

Mesmo com tanta crise, a saída da recessão parecia óbvia até há pouco. Inflação baixa e queda do risco país permitiam redução cada vez maior dos juros, e, portanto, maior estímulo ao consumo e ao investimento. E a PEC do Teto do Gasto, com os progressos na tramitação da reforma da Previdência, parecia garantir uma situação fiscal razoável, atacando o maior problema econômico. Ou seja, apesar de tudo, íamos bem.

PUBLICIDADE

É verdade que o governo erra no ataque à crise financeira estadual e ao “apagão da infraestrutura”, onde os investimentos claudicam. No Fórum Nacional de 18-19/05 isso foi bastante discutido. Mas não se trata de algo que impediria a recuperação de pelo menos parte da atividade econômica perdida, se não fosse o efeito devastador da recente delação da JBS, que atingiu frontalmente a maior autoridade da República.

Haja economia de mercado capaz de resistir a isso. A qualquer momento algo do tipo pode se repetir e impedir que a economia se recupere, eternizando a crise econômica (virão bancos? O mercado financeiro surtaria. E depois?). Que se danem as camadas mais pobres da população, exatamente os mais atingidos nesses processos.

Óbvio que não pode ser assim. A escalada anticorrupção virou quase uma bênção para o País. Mas fico pensando se não chegou a hora de, numa mesa altamente representativa, pactuarmos caminhos que nos levem às próximas eleições sem relaxar no combate à corrupção, mas ao mesmo tempo blindando minimamente a economia, garantindo que ela cresça pelo menos à metade do que cresceu nos anos de boom de 2004-2008.

Claramente, teremos de aumentar o esforço pró-reformas, resolver pendências econômicas e impedir que o espectro de soluções da crise político-institucional se limite a dois extremos: extirpar quase toda a classe política e as empresas de construção pesada, de um lado, e punir poucos, do outro. Nesse particular, precisamos urgentemente de uma solução intermediária que nos leve a bom termo.

* CONSULTOR ECONÔMICO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.