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Economista e sócio da MB Associados

Opinião|Pilotando a transição

Apesar do tumulto, estamos no rumo certo, com chance de uma transição bem sucedida

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Atualização:

Hoje é fácil perceber que estamos no fim de uma era. Antes de tudo política, com uma crise do “presidencialismo de coalizão”, na representação parlamentar e na estrutura partidária. Há algo semelhante ocorrendo com o populismo e com o uso da corrupção sistêmica como ferramenta de poder, tal como evidenciado todos os dias pela Operação Lava Jato. Até a eleição de 2018, o desmanche do velho regime será ainda mais acentuado.

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Do outro lado da moeda, causa e consequência da política, o regime fiscal expansionista, que vem desde 2005, também implodiu, revelando uma trajetória insustentável do endividamento público, o que, somado ao crescimento da dívida privada e às pressões inflacionárias, resultou na pior recessão da história. Finalmente, o papel de puxador do crescimento dos fundos de pensão e das estatais, tão teorizado pelos heterodoxos, transformou-se, juntamente com muitos dos “campeões nacionais”, numa inusitada extração de recursos para fins de poder. Quanto maior e pior o projeto, mais recursos foram amealhados. Basta olhar a Refinaria Abreu e Lima e o Comperj. A propósito, a maior parte desses campeões nacionais, incluindo as construtoras, não terá relevância daqui a dois anos. Com eles se vai uma parcela significativa da tradicional liderança privada.

O diagnóstico de crise vem se consolidando. A situação não permite esperar por 2018. Do ponto de vista econômico, três coisas eram claras e foram assumidas pelo governo: reduzir a inflação e estancar a sangria fiscal; estimular a confiança e apoiar a saída da recessão; e reformar parte da economia, de sorte a recuperar a viabilidade fiscal e abrir a possibilidade de volta do crescimento sustentado.

Apesar do tumulto diário e da neblina, estamos no rumo certo: inflação e juros em queda, volume substancial de reformas aprovadas e em andamento, melhora da gestão fiscal e uma trajetória de retomada do crescimento. Nada disso, porém, alivia o dia a dia, porque o atraso não morre assim, mas com certeza vai se enfraquecer muito. Temos chance de uma transição bem-sucedida. A eleição de 2018 vai dizer se o crescimento será sustentado.

Opinião por José Roberto Mendonça de Barros
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