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Análise: Sinais de recuperação

Para analista, mercado de trabalho brasileiro continua a mostrar sinais de recuperação

Por Fernando de Holanda Barbosa Filho
Atualização:

O mercado de trabalho brasileiro continua a mostrar sinais de recuperação. A taxa de desemprego apresentou queda em relação ao mesmo período do ano passado, 12,6% ante 13,2%. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou criação de 60 mil postos de trabalho formais em fevereiro. 

O trabalho intermitente é aquele que permite à empresa convocar os trabalhadores quando e se necessário, remunerando-os pelas horas cumpridas. Foto: Estadão

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O aumento do número de desocupados e da taxa de desemprego em relação ao período anterior não devem ser objetos de preocupação pois são fruto do efeito sazonal de todo início do ano quando aumenta a procura por emprego. O que deve preocupar é o nível da taxa de desocupação acima dos 12% (que é elevada) e o total de desocupados que atinge mais de 13 milhões de pessoas, sinalizando que o mercado de trabalho doméstico continua difícil.

O crescimento da economia próximo dos 3% deve garantir uma melhoria gradual do mercado de trabalho ao longo deste ano, especialmente do emprego com carteira. O maior crescimento econômico estimulado pela política monetária expansionista e a reforma trabalhista (que buscou reduzir o custo esperado do trabalho) devem estimular a contratação formal, que ainda vai conviver com o aumento do emprego informal ao longo de 2018. 

O crescimento dos trabalhadores por conta própria é outro sinal de recuperação pois está relacionado com a maior atividade econômica. O crescimento das vagas no setor de serviços e de comércio são importantes devido ao peso relativo destes setores no emprego total. É impossível esperar melhora substancial do mercado de trabalho sem a contribuição destes setores.

Entretanto, reformas estruturais que garantiriam um crescimento mais robusto e durador foram abandonadas, especialmente a da Previdência. A eleição deve ampliar a polarização no País nos próximos meses e seu resultado terá grande importância sobre o ritmo de crescimento. Se o futuro presidente ignorar nosso desequilíbrio fiscal e as reformas necessárias, nossa lenta recuperação desaparecerá de forma rápida. 

PESQUISADOR DA ÁREA DE ECONOMIA APLICADA DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (IBRE/FGV)

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