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Analistas mostram ceticismo com meta fiscal de 2017

Em reunião com Carlos Hamilton, secretário de Política Econômica da Fazenda, economistas dizem que País só deve ter superávit em 2020

Por Maria Regina Silva
Atualização:

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton, se reuniu ontem, em São Paulo, com economistas que participam do Relatório Prisma Fiscal. A ideia da Pasta é que os encontros ocorram nos moldes dos realizados trimestralmente pelo Banco Central (BC) com analistas do mercado financeiro, só que com foco na área fiscal. Ainda não foi definido, contudo, o cronograma das reuniões da Fazenda. Mas a próxima pode acontecer em novembro.

O Relatório Prisma Fiscal traz as expectativas do mercado financeiro para o resultado do governo central dos próximos três meses, arrecadação, despesas e relação da dívida bruta com o PIB.

Receita pode ser maior que a esperada, disse Carlos Hamilton na reunião Foto: Divulgação

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Nesse primeiro encontro, Carlos Hamilton se deparou com economistas céticos quanto ao cumprimento da meta fiscal no ano que vem, estimada em déficit de R$ 143,1 bilhões. Além disso, muitos reforçaram que o País pode voltar a registrar superávit primário somente em 2020, afirmou um analista. Só que para que isso aconteça, será preciso que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que institui o teto de gastos, seja aprovada “por inteiro”.

Ainda assim, contou o economista, alguns participantes disseram que será necessária a adoção de impostos e de uma “profunda” reforma previdenciária para complementar o ajuste fiscal. “Só a PEC do teto é insuficiente para fazer atingir a meta, não fará o ajuste totalmente. Mas, se tiver aumento de impostos, só depois das eleições municipais”, afirmou.

Temor. Os analistas demonstraram ainda temor quanto às perspectivas da situação financeira de Estados e municípios em 2017. “Há dúvidas de que Estados e municípios voltem a ser problema, podendo apresentar caixa ruim depois das eleições municipais”, completou uma fonte.

O secretário teria feito comentários pontuais durante a reunião, de acordo com outro participante. Segundo ele, Carlos Hamilton teria dito que as receitas podem ser maiores no próximo ano do que o estimado pelo mercado, já que a economia dá sinais de retomada. Contudo, os analistas não mostraram um consenso quanto às expectativas de recuperação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “As previsões para o PIB do ano que vem estão na faixa de 0,50% a 2,5%”, relatou o interlocutor.

No encontro no fim da manhã desta sexta-feira, cerca de 30 analistas estiveram com Carlos Hamilton. Também participou da reunião o secretário adjunto de Política Fiscal e Tributária, Jeferson Luis Bittencourt. De acordo com as fontes ouvidas, o secretário fez uma explanação sobre o relatório elaborado pela Fazenda. “Contou como é elaborado e falou um pouco da história do documento, sem novidades”, disse a fonte.

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