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Com conta de luz mais barata, junho deve ter deflação

Junho pode ter IPCA negativo pela primeira vez em 11 anos; bandeira verde e queda nos combustíveis forçam queda nos preços

Foto do author Thaís Barcellos
Por Anne Warth , Thaís Barcellos (Broadcast) e Maraia Regina Silva
Atualização:

A redução no valor das contas de luz, somada à queda nos preços dos combustíveis, pode levar à primeira deflação, em 11 anos, em um mês de junho no índice oficial de inflação, o IPCA.

Isso deve acontecer porque as contas de luz terão bandeira verde no mês de junho. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira, 26, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com a bandeira verde, a tarifa de energia deixa de ter cobrança adicional no mês que vem. 

A diminuição do consumo também contribuiu para a decisão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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O sistema de bandeiras é atualizado mensalmente pelo órgão regulador. O aumento das chuvas em maio levou a uma recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, contribuindo para a redução do custo da energia. A diminuição do consumo também contribuiu para a decisão.

De acordo com a Aneel, o custo da energia da usina termoelétrica mais cara a ser acionada no mês que vem será de R$ 155,85 por megawatt-hora (MWh). A bandeira verde é acionada quando a energia fica abaixo de R$ 211,28 por Mwh.

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Nos meses de abril e maio, vigorou a bandeira vermelha, em seu primeiro patamar, o que adicionava uma taxa de R$ 3,00 a cada 100 quilowatt-hora consumidos. Em março deste ano, foi acionada a bandeira amarela, com taxa de R$ 2,00 a cada 100 kWh. Em janeiro e fevereiro, vigorou a bandeira verde.

O retorno da bandeira verde no mês de junho foi uma surpresa. Tanto a Aneel quanto o mercado projetavam mais um ano difícil, com bandeira vermelha durante todo o período de seca, que vai de maio a novembro. 

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Alívio. Sem a taxa extra na conta de luz, os economistas consultados pelo Broadcast/Estadão calculam que o alívio deve ser de 0,21 ponto porcentual em junho. Se a redução de 5,4% da gasolina nas refinarias for totalmente repassada ao consumidor, o combustível poderá cair 2,4% nas bombas, o que deve aliviar a inflação do mês que vem em 0,1 ponto. 

Como a estimativa para o IPCA de junho já era baixa, de 0,21%, de acordo com a Focus, as revisões aumentaram a possibilidade de deflação no sexto mês do ano. Seria a primeira vez que isso ocorreria em um mês de junho desde 2006, deflação de 0,21%.

Nos cálculos da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o IPCA deve registrar uma taxa negativa de 0,07% em junho. Se essa variação se confirmar, representará uma taxa acumulada em 12 meses de 3,33%. 

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A Rosenberg estima uma deflação de 0,03% em junho, colaborando para uma taxa em 12 meses de 3,37%. “Considero uma queda de 1,25% em gasolina, mas estou um pouco conservador com o cenário de alimentos, que devem voltar a subir em junho”, afirma o economista Leonardo França Costa.

Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, ressalta que neste momento a única fonte de pressão para o IPCA de junho é o reajuste de até 13,55% nos planos de saúde. A economista ainda não mudou sua projeção para junho, atualmente em 0,30%, mas vê possibilidade de que a inflação encerre o mês com variação zero. 

O cenário desinflacionário pode autorizar a revisão na meta de inflação para 2019, avalia o economista Bernard Gonin, da Rio Gestão de Recursos.

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