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Professor de Finanças da FGV-SP

Antecipar parcelas é mais vantajoso no crédito imobiliário

Tenho um financiamento imobiliário e gostaria de quitá-lo antes do prazo. O que é mais vantajoso: pagar a parcela mensal e a última ou juntar o dinheiro por alguns meses e fazer uma amortização?

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Por Fábio Gallo
Atualização:

Antecipar o pagamento das parcelas mensais usualmente é mais vantajoso. Na verdade, você deve fazer a comparação entre o que você está pagando de juros no financiamento imobiliário e quanto você poderia obter de rentabilidade da aplicação do dinheiro. Usualmente, a taxa de juros dos empréstimos e financiamentos são maiores do que as taxas das aplicações financeiras. Mesmo no caso de financiamento imobiliário, que tem taxa de juros relativamente mais baixa que outros tipos de financiamento. Sendo assim é melhor quitar as mensalidades do que primeiro acumular recursos para amortizar uma parcela maior do financiamento imobiliário. O importante é você organizar muito bem o seu orçamento familiar para poder programar como essa quitação de mensalidades será realizada. Lembre-se que além dos pagamentos antecipados você deve manter certa reserva de recursos para emergências.

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Tenho R$ 50 mil disponíveis para investimento e o gerente do meu banco me sugeriu investir num VGBL de renda fixa, cuja taxa de administração será de 1,25%. Ele me assegurou que em cerca de seis meses eu teria um ganho comparável a um CDB e poderia sacar o dinheiro sem problemas. Não sei se vou precisar deste dinheiro em seis meses, mas gostaria de tê-lo disponível se for necessário. Já tenho um PGBL, portanto esse investimento não teria como objetivo acúmulo de renda para minha aposentadoria. Você acha que essa pode ser realmente uma boa opção?

Esta não é uma boa opção. Digamos que o seu gerente está cometendo alguns "enganos" na sugestão. Primeiro "engano" é com relação ao objetivo de um VGBL que é um plano de previdência complementar e não é dedicado a aplicações de curto prazo. Ele deveria ter lembrado que há planos com carências de até dois anos para o primeiro saque. Em outros termos, objetiva a complementação de renda na aposentadoria. Assim é um produto financeiro voltado para o longo prazo, com estrutura atuária e tributária com essa visão. Outro "engano" é que dependendo da tabela tributária escolhida na adesão do plano a "trombada" de imposto a pagar será grande. Em seis meses na tabela progressiva a alíquota é de 27,5% e na regressiva é de 3,5%. Um terceiro "engano" é que a taxa de administração de 1,25% é alta para um fundo de renda fixa. Quando for descontado IR e a taxa de administração o ganho líquido provavelmente estará abaixo do rendimento da caderneta de poupança. Como o seu objetivo com esse investimento é de curto prazo, pense investir diretamente em caderneta de poupança, CDB ou mesmo fundo de renda fixa (não VGBL), mas com taxa de administração mais baixa.

Tenho um perfil conservador e não alterei meus investimentos em fundos DI mesmo com a queda da taxa básica de juros. Tenho R$ 250 mil em aplicações conservadoras, mas o baixo rendimento tem começado a me incomodar. Tenho lido a respeito de uma possível alta da taxa de juros por causa do aumento da inflação. É recomendável buscar investimentos mais arrojados apesar uma possível elevação dos juros?

É uma resposta que terá que ser dada por você mesmo. Porque ela deve considerar em primeiro lugar o seu grau de aversão a risco. Mas, somente isto não basta. Há dois outros aspectos muito importantes que devem ser considerados na hora de investirmos: a) O tempo disponível para a realização do objetivo daquele investimento; b) A importância do investimento em relação aos objetivos do investidor. Naturalmente, uma pessoa com mais idade e com patrimônio pessoal mais elevado não está, em geral, disposta a correr riscos altos. De maneira diferente, um jovem solteiro que tenha uma quantia substancial de dinheiro no banco e que não tenha utilidade para esses recursos no curto prazo pode se atrever a correr riscos bem mais altos. O fato é que há décadas que nós nos acostumamos a aplicar em renda fixa e ganhar dinheiro. Hoje isto não é mais possível. A dica é: planeje bem a sua vida financeira, estabeleça claramente os seus objetivos e o prazo que pretende atingi-los. Com base nisso escolha as alternativas de investimento casadas com esses objetivos. Considere, também, que sem você correr grandes riscos poderá optar, por exemplo, por Letras de Crédito Imobiliário (LCI) que podem oferecer bom rendimento, não há IR e tem garantia de até R$250 mil pelo FGC. Há outras alternativas no mercado e quanto mais você conhecer os diferentes tipos de investimentos mais fácil será fazer as suas opções de aplicação. Mas use de uma regrinha prática sobre o nível de aceitação de risco. Coloque a cabeça no travesseiro e se, ao pensar em aplicar o seu dinheiro em determinado tipo de investimento, você perder o sono, desista, faça outra opção. Por último lembre-se da dica financeira dada pelo Sr. Pataca, encontrada na tirinha de Bob Thaves publicada no Estado: "O dinheiro fala mais alto, mas não dá conselhos."

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* Fábio Gallo é professor de finanças da FGV e da PUC-SP

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