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Aplicações de risco do fundo FI-FGTS

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Por Redação
Atualização:

Criado em 2007, no começo do segundo mandato de Lula na Presidência, o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) foi concebido para propiciar aos trabalhadores – os titulares do FGTS – uma renda superior aos 3% ao ano mais a TR que remunera as aplicações do FGTS. Mas os resultados do FI-FGTS de 2015, divulgados há pouco, mostram que em vez de lucro houve prejuízo de 3% ou R$ 966 milhões. Ainda pior é o fato de os auditores alimentarem dúvidas sobre o valor real das aplicações. O maior dos prejuízos do FI-FGTS decorreu da compra de debêntures da Sete Brasil Participações, criada em 2010 para construir plataformas de petróleo – e que, envolvida na Operação Lava Jato, está atualmente em recuperação judicial. Em dezembro, o saldo devedor da Sete Brasil era de R$ 2,84 bilhões, mas parte do prejuízo foi coberto pelo Fundo de Garantia da Construção Naval (FGCN). Mas não foi esse o único rombo. Expressivas aplicações foram feitas em ações de empresas não cotadas em bolsa, entre as quais três companhias do Grupo OAS, que também está em recuperação judicial, e duas do Grupo Odebrecht. Os auditores da KPMG notaram que as aplicações em ações sem cotação em bolsa, debêntures não conversíveis em ações e quotas de fundos de investimentos totalizaram R$ 21,6 bilhões, dos quais R$ 4,1 bilhões “provenientes de entidades que fazem parte e/ou estão relacionadas a grupos de empresas que se encontram em processo de investigação pela Polícia Federal, pelo suposto envolvimento na operação conhecida como Lava Jato”. Administradora do FI-FGTS, a Caixa Econômica Federal (CEF) justificou-se em nota afirmando que muitas aplicações estão em período de maturação e os prejuízos “não são permanentes e podem ser recuperados”. É possível que, em alguns casos, a hipótese se confirme. Mas muitos projetos foram aprovados a partir de interesses duvidosos.  Segundo a reportagem de Murilo Rodrigues Alves, no Estadão, o FI-FGTS entrou de vez na mira da Lava Jato, após a prisão de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da CEF ligado ao deputado Eduardo Cunha, com delação premiada aprovada pelo STF. Cleto participava do comitê de investimento do fundo.  O patrimônio dos trabalhadores exige respeito. É mais que hora de que decisões do FI-FGTS sejam tomadas com profissionalismo e independência.