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Após delação da JBS, corretoras se dividem entre ataque e defesa

Analistas apostam tanto em ações de empresas com receitas expostas ao dólar, quanto naquelas que caíram na Bolsa após a delação de Joesley Batista

Por Karin Sato
Atualização:

Como está difícil prever os próximos acontecimentos na esfera política, muitos analistas optaram por manter suas carteiras, mas os que promoveram alterações se dividiram entre ataque e defesa. Alguns preferiram incluir no portfólio ações de empresas com receitas expostas ao dólar, adotando postura defensiva, uma vez que a moeda americana tende a subir ante o real em momentos de estresse no mercado financeiro. Outros preferiram indicar papéis que caíram muito na bolsa de valores, após a delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS.

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A corretora Magliano, por exemplo, trocou Petrobrás por Energias do Brasil. “Decidimos retirar Petrobrás, pois enxergamos a possibilidade de uma nova crise de confiança no setor público brasileiro e é um papel extremamente sensível a isso. Portanto, decidimos trocá-lo por um mais defensivo”, justifica a equipe de análise. Energias do Brasil tem pouca exposição política e está estrategicamente posicionada no setor elétrico, acrescenta.

A Lerosa substituiu Valid por Suzano, exportadora que tende a subir com a valorização do dólar e que, ao mesmo tempo, apresenta bons fundamentos, explica o analista Vitor Suzaki. Já a saída da Valid se deve aos acontecimentos políticos, que podem afetar a retomada da economia nos segmentos em que a empresa atua.

Há quem esteja enxergando oportunidades em meio à crise política. A Quantitas, por exemplo, trocou Braskem por Multiplan. “A saída de Braskem se dá após a divulgação positiva dos resultados trimestrais e a sugestão tinha como objetivo o ganho no curto prazo”, explica o analista Wagner Salaverry. A entrada da Multiplan ocorre após forte desvalorização do papel na semana, de cerca de 10%. “Entendemos que os bons fundamentos da empresa permanecem”, diz.

A Rico preferiu diversificar, trocando Ambev, Light e Usiminas por Vale, Suzano e Kroton. “Diante do momento extremamente nervoso na política, não conseguimos visualizar um direcionamento para o mercado nos próximos dias. Por isso, recomendamos diversificação”, afirma o analista Roberto Indech.

Na quinta-feira (18), primeiro pregão após as denúncias, o Ibovespa caiu 8,80%. Alguns dos papéis que recuaram foram Banco do Brasil, com queda de 19,91%, Petrobras PN (-15,76%), Itaú Unibanco PN (-12,05%). Justamente os três estão na carteira da XP Investimentos, que foi mantida nesta semana. A analista Bruna Pezzin diz que a crença da corretora é de que o movimento foi exagerado. “Apesar de não sabermos o que ocorrerá no cenário político, não acreditamos que futuramente os fundamentos dessas empresas vão mudar e esperamos uma recuperação.”

O analista da Planner, Mario Roberto Mariante, diz que a bolsa pode continuar pressionada no início da semana, a depender do noticiário no sábado e domingo. “No entanto, grandes quedas geram oportunidades de compra”, diz. Nesta linha, a equipe da Magliano alerta que papéis ligados ao setor público tendem a sofrer mais no curto prazo, porém os investidores devem ficar atentos ao aparecimento de oportunidades para o longo prazo.

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Para Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, o fato de o presidente Michel Temer resistir a uma renúncia torna o clima político desfavorável para o andamento das reformas econômicas. Por isso, é provável que a bolsa oscile entre 55 mil e 60 mil pontos.

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