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Após desvalorização, investidores vêem oportunidade no Brasil

Apesar do receio no mercado, há quem aposte em bons retornos na Bovespa.

Por Adriana Stock
Atualização:

Enquanto alguns investidores receosos com a atual crise financeira se desfazem de suas posições no mercado acionário brasileiro, há quem já veja o atual patamar do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) como uma oportunidade de compra. Em entrevista à BBC Brasil, alguns investidores interpretam o atual momento como uma boa oportunidade para a aquisição de ações - que foram desvalorizadas como efeito das turbulências provocadas pelo agravamento da crise imobiliária nos EUA - por acreditarem nos fundamentos da economia brasileira e na recuperação do mercado acionário do país. "Nossa opinião é que esse já é um patamar de compra", disse o diretor de um fundo de investimentos em Milão cuja carteira soma 1,9 bilhão de euros. O fundo se desfez de ações brasileiras em julho, quando o Ibovespa batia nos 55 mil pontos, para realização de lucro. Desde então, o índice despencou. "O Ibovespa quase fez um movimento de realização de 20% e, do nosso ponto de vista, é um problema que estruturalmente não vai afetar o Brasil. Portanto, numa lógica de médio prazo, acreditamos que o valor continue bom nas ações brasileiras", disse. "Nosso ponto é que o Brasil tem uma história macroeconômica sólida e que, apesar de poder ter alguma turbulência, alguma volatilidade, acreditamos que tanto o mercado acionário quanto o mercado de renda fixa brasileiro possam nos dar bons retornos nos próximos três a seis meses." Em Nova York, na mesa de renda variável de um grande banco, um outro administrador também falava em comprar ações brasileiras. "Quando as ações estão em queda de 10%, vejo isso como uma reação exagerada", disse o administrador de uma carteira de US$ 50 milhões em ações brasileiras, considerada pequena se comparada a outros fundos com aplicações no mercado acionário do país. Na avaliação dele, as grandes empresas brasileiras não correm risco de serem afetadas pela falta de liquidez ocasionada pela crise de crédito nos Estados Unidos porque elas "não têm problemas de dívida". Embora ele não descarte o risco de que a crise financeira respingue na economia real americana e, consequentemente, na economia mundial, o administrador acredita que o Brasil esteja blindado até certo ponto. "Não acredito que seja um grande risco para o Brasil porque, mesmo que você tenha uma queda de consumo nos Estados Unidos, o grande motor no Brasil tem sido o consumo interno, que está crescendo, e a China, que ainda está comprando aço." Com o alastramento da crise no mercado de crédito dos Estados Unidos para outros mercados, os investidores estrangeiros de fundos de ações do Brasil começaram a retirar seus recursos dessas aplicações. De acordo com a empresa EPFR Global, de Nova York, na semana terminando em 1º de agosto foram retirados US$ 150,9 milhões de 15 fundos de ações do Brasil nos Estados Unidos e na Europa. Na semana seguinte, terminando em 8 de agosto, o fluxo de saída foi de US$ 5,6 milhões. Os dados da semana até o dia 15, auge da turbulência, foram ignorados pela consultoria porque um dos maiores fundos de ações não reportou o seu fluxo de recursos. Ainda assim, os fundos acompanhados pela EPFR Global apresentavam um fluxo positivo no ano de US$ 1,43 bilhão e, até a quarta-feira passada, uma valorização de 17,6% - na semana até o dia 15 de agosto a performance foi negativa em 12% levando a uma perda de US$ 1 bilhão no valor de mercado dos ativos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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