As ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) fecharam em alta ontem após a empresa elevar o total de ativos à venda para reduzir seu pesado endividamento. O valor dos negócios oferecidos no mercado subiu de R$ 6,5 bilhões para R$ 8,05 bilhões. A estatal agora venderá toda a fatia de 43% que detém na Light, em vez de apenas parte do ativo. Ontem, a Cemig afirmou ter 12 interessados na empresa de energia do Rio de Janeiro. Os investidores receberam bem a novidade: os papéis da Cemig subiram 2,4% ontem, para R$ 8,52.
No “pacotão” de ativos da Cemig figuram ainda participações na transmissora Taesa, na empresa de energia limpa Renova e nas hidrelétricas Santo Antônio e Belo Monte. A reestruturação visa a redução da pesada dívida da companhia. Até o fim de 2019, os vencimentos de obrigações da companhia somam R$ 10 bilhões. A Cemig atualmente negocia com bancos a reestruturação de seus débitos e espera obter um acordo dentro dos próximos 20 dias.
Embora os negócios à venda estejam atraindo interessados, eles oferecem desafios. A Light, por exemplo, é um dos ativos mais complicados por estar numa área de concessão com muitos problemas de roubo de energia – da ordem de 40%. A Taesa, por outro lado, atrai olhares de vários investidores, pois o segmento de transmissão tem receita fixa.
‘Roadshows’. Ontem, o diretor de finanças e relações com investidores da estatal mineira, Adézio de Almeida Lima, afirmou, em teleconferência, que a venda da Light é prioritária. Segundo ele, Cemig deve realizar apresentações a compradores nacionais nesta semana. Na semana que vem, o mesmo trabalho será feito no exterior. Lima afirmou que os roadshows vão testar o real nível de interesse dos investidores na Light.
Na sexta-feira, após o fechamento da Bolsa, a Cemig anunciou que venderia a totalidade de sua participação na Light, e não apenas a Light Energia, de geração. Desta forma, a arrecadação prevista com o negócio subiu de R$ 520 milhões para cerca de R$ 2 bilhões. A Light se tornou, desta forma, o principal negócio à venda pela Cemig.
Em relação à Santo Antônio Energia, o executivo da Cemig afirmou que o contrato de venda já está sendo preparado. A companhia informou ao mercado que havia recebido uma proposta da chinesa State Power Investment Overseas (Spic) por sua fatia na usina.
Já a Renova – negócio de energia limpa, da qual a Cemig é sócia por meio da Light – deve ser vendida em breve, de acordo com Lima. O executivo afirmou que o objetivo é fechar o negócio dentro de até 60 dias. A participação da Light na Renova recebeu proposta do fundo canadense Brookfield. O valor seria de R$ 800 milhões, segundo estimativas de mercado.
Gás natural. Já a distribuidora mineira de gás natural, a Gasmig, valeria cerca de R$ 1,2 bilhão. No entanto, o executivo afirmou que a Cemig pretende se desfazer de 49% do negócio, uma vez que a venda de 100% exigiria, pelas leis de Minas Gerais, a realização de um plebiscito no Estado. “Não existe ambiente para um referendo (neste momento)”, disse Lima. Ele ressalvou, porém, que existe a possibilidade de a regra ser alterada pela Assembleia mineira. /COM REUTERS