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Após plebiscito, Grécia enfrenta velhos e novos problemas

Bancos operam de forma limitada e caixas eletrônicos seguem com filas em Atenas; ministro das Finanças pediu demissão e há pressa para injetar dinheiro no sistema bancário

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller
Atualização:

ATENAS - No dia seguinte ao plebiscito em que 61% dos gregos disseram um sonoro "não" às condições para negociação de sua dívida com a União Europeia, Atenas acordou enfrentando os problemas anteriores à euforia vista no domingo à noite na grande praça em frente ao parlamento grego. As latinhas de cerveja que ficaram espalhadas pelo chão depois da festa haviam sido recolhidas de madrugada e, de manhã, as preocupações da semana passada voltaram a dominar o cenário da capital da Grécia.

 

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No centro de Atenas, a situação era muito parecida com a da semana passada. As filas seguiam grandes nos caixas eletrônicos - especialmente os do Banco Nacional da Grécia -, e a população não parece esperar que a ameaça ao sistema bancário do país seja resolvido no prazo original, que permitiria a reabertura das agências para todas as operações ainda nesta terça-feira. "Acho que os bancos, na melhor das hipóteses, vão abrir a partir de quarta", disse um grego, que não quis se identificar, após retirar sua cota de € 60 de uma máquina automática.

 

Por volta das 12h (horário local), havia diversas agências bancárias com as portas abertas. Ao contrário do que ocorria na semana passada, os clientes podiam entrar - algumas unidades estavam lotadas -, mas a quantidade de operações disponíveis continuava bastante limitada. "O cliente pode fazer transferências para outros bancos da Grécia de até € 1,5 mil, pagar contas de cartão de crédito, por exemplo", explicou um funcionário do Pirieus Bank ao Estado. Todas as operações permitidas tentam garantir que o dinheiro se mova apenas dentro do sistema bancário grego.

 

A situação dos bancos gregos é precária. A liquidez do sistema depende diretamente de um aporte do Banco Central Europeu (BCE) nos próximos dias. Já há notícias de caixas eletrônicos que só têm notas de € 50, o que reduz em € 10 a "ração" diária de dinheiro dos gregos que usarem essas máquinas. O BCE já estaria pronto para tomar uma decisão hoje sobre o tema. Neste momento, tanto o governo grego quanto a União Europeia se mexem para retomar as negociações sob o prisma do resultado do plebiscito de domingo no país.

 

Boa vontade. O primeiro passo de boa vontade o governo grego já deu. Eliminou seu ministro das Finanças, Yanis Vourafakis, da equação. Ele anunciou em seu blog pessoal o pedido de demissão nesta manhã. Em meio a uma das maiores crises de sua história, portanto, a Grécia está sem um nome oficial para o comando das finanças pelo menos por algumas horas.

A saída de Vourafakis foi costurada pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras como um gesto de boa vontade com o Eurogrupo, que considerava o agora ex-ministro difícil nas mesas de negociação.

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