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Após sobreviver à crise, motos de luxo têm queda na venda

Segmento teve recorde em 2014, mas começou a recuar; apesar disso, novos modelos com preço de até R$ 550 mil devem chegar ao Brasil

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O segmento de motocicletas de luxo, a partir de 500 cilindradas, teve as vendas freadas no mercado brasileiro, após crescerem consecutivamente de 2012 a 2014, quando o negócio de duas rodas já sucumbia à crise. Mas, levando-se em conta as vendas do ano passado em relação a 2011 – antes do início da crise econômica –, os modelos premium tiveram queda de 13%, enquanto o mercado total de motos caiu à metade.

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O desempenho é atribuído à resiliência do segmento premium à crise, com vendas mantendo crescimento até 2014, e à chegada ao País de linhas de montagem de marcas como as europeias BMW, Ducati e KTM e a americana Indian, ampliando assim a concorrência.

O segmento responde por apenas 4% do mercado total de motos, mas movimenta cifras significativas. Os preços variam de R$ 20 mil a R$ 155 mil, fora edições especiais que custam o equivalente a carros de luxo, como o Jaguar F-Type e o Mercedes AMG 63.

Diego Borghi, presidente da Ducati no Brasil, no escritorio da empresaem Sao Paulo Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A Ducati trará ao Brasil, por R$ 550 mil, a edição especial da 1299 Superleggera, com motor de 1.300 cilindradas. Apenas 500 unidades, fabricadas na Itália, serão vendidas no mundo todo. O Brasil receberá só três delas em abril, mas duas já estão vendidas e a última está em fase de negociação, informa Diego Borghi, presidente da empresa no País.

“Esse modelo é considerado a Ferrari das motocicletas”, compara Borghi, que está à frente da Ducati há pouco mais de um ano. O executivo informa que é a única moto feita totalmente em fibra de carbono, pesa 170 quilos e tem tecnologia embarcada. “Em proporção de peso e potência, não tem nada na indústria que chegue perto disso.”

A BMW Motorrad, que desde outubro tem fábrica própria em Manaus (AM), a primeira do grupo fora da Alemanha, também vai entrar no nicho de alto luxo. “Teremos um produto com super tecnologia, a ser lançado no Brasil neste ano, que ficará nessa faixa de preço e será inovador”, limita-se a informar o diretor da empresa, Federico Alvarez.

Novo nicho. O grupo atua com motos acima de 500 cilindradas que custam entre R$ 35,9 mil e R$ 154,4 mil, a maioria produzida localmente. No segundo semestre terá sua primeira moto global fora desse nicho, a G 310 R, de 300 cilindradas. “Com produção no Brasil, ela será lançada com outros mercados, como Europa e Estados Unidos”, diz Alvarez.

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No ano passado, a BMW vendeu 6.482 motocicletas, num mercado que consumiu cerca de 40 mil unidades de modelos premium – recuo de 25% em relação a 2015, que já tinha sido 5% inferior ao resultado de 2014, ano recorde para o segmento, com 56,1 mil unidades vendidas. O mercado total de motos caiu 26,5%, totalizando 899,8 mil unidades, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).

Em 2016, a Ducati, marca italiana que pertence à montadora alemã Audi, vendeu 1,2 mil motos, ante 935 em 2015, todas acima de 500 cilindradas, com preços de R$ 38,9 mil a R$ 93 mil. Borghi espera repetir o crescimento neste ano e vender 1,4 mil unidades. A produção da Ducati é feita em parceria com a Dafra, que também produz em Manaus modelos da KTM e da Indian. Ainda atuam no segmento premium a Harley-Davidson e a Triumph. Honda, Yamaha, Suzuki e Kawasaki têm produtos nesse nicho, mas com menor participação em seus portfólios.

Honda cortou 4 mil vagas desde 2012. Líder do mercado, com 80% de participação, a Honda vendeu 724,6 mil motos no ano passado, 27% a menos que em 2015. Também lidera o segmento premium, a partir de 500 cilindradas, com 9 mil unidades, ante 17 mil em 2015. A GL 1800 Goldwing, importada do Japão, é a mais cara da marca, R$ 119,9 mil. Entre os modelos nacionais, a aposta é a Africa Twin, de R$ 64 mil a R$ 74 mil.

A Honda tem motos a partir de R$ 5 mil, mas seu forte são as CG 125 e 160, que venderam 224 mil unidades no ano passado, com preços a partir de R$ 7 mil. “Estamos cautelosos com as previsões para este ano, até porque os últimos meses não foram positivos”, diz Alexandre Cury, diretor comercial da Moto Honda.

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Ele lembra que, desde 2012, o setor está em baixa, em razão da falta de crédito e da crise. A fábrica de Manaus tinha 10 mil funcionários há cinco anos. Hoje, opera com 6 mil e alta ociosidade.

Setor retornou ao nível de 12 anos atrás. O mercado total de motos caiu 26,5% em 2016 ante o ano anterior, para 899,8 mil unidades. “Foi a primeira vez, desde 2004, que o mercado ficou abaixo de 1 milhão de unidades”, diz Marcos Fermanian, da Abraciclo.

Em relação a 2011, quando o mercado total de motocicletas teve seu auge, com quase 2 milhões de unidades, as vendas no ano passado recuaram 54%. A queda no segmento premium foi de 13% na mesma comparação. Naquele ano, foram vendidas 46,2 mil motos de luxo, número que foi a 48,9 mil em 2012, a 50,9 mil em 2013 e a 56,1 mil em 2014. No ano seguinte, caiu para 53,4 mil e, em 2016, para 40,1 mil.

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Fermanian projeta estabilidade para o mercado total de motos este ano. “O segmento depende de crédito e só contrai financiamento quem acredita que vai continuar empregado.”