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Após suicídios, bancos da Espanha cancelam ordens de despejo

Instituições concordam com os cancelamentos nos casos de 'profunda necessidade financeira' das famílias

Por MADRI
Atualização:

Os maiores bancos da Espanha aceitaram ontem congelar por dois anos as ordens de despejo em casos de profunda necessidade financeira em meio à comoção causada pelos recentes suicídios de mutuários inadimplentes prestes a serem despejados.A associação espanhola de bancos (AEB) informou que, por "razões humanitárias", as instituições financeiras não buscarão na Justiça a execução dos imóveis nos casos de mutuários mais necessitados.Os tribunais da Espanha ordenaram quase 19 mil despejos somente no segundo trimestre de 2012, segundo o Conselho Geral do Judiciário. Desde 2008, quando começou a crise, 203.808 imóveis já foram executados.Líderes do governista Partido Popular (PP, conservador) e do opositor Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) buscam um acordo bipartidário para mudar a lei de hipotecas do país, do início do século passado.As leis de hipotecas espanholas são especialmente vantajosas aos bancos e a outros credores. Ainda que um mutuário seja obrigado a deixar o imóvel por inadimplência no financiamento, a lei espanhola os obriga a saldar a dívida mesmo que o credor já tenha leiloado o imóvel. Segundo Miguel Hernández, diretor do programa imobiliário da IE Business School, "a lei espanhola é injusta para os devedores". "Mas os bancos, com os problemas que enfrentam agora, vão assegurar que essas medidas não afetem seus balanços patrimoniais, já debilitados." As execuções de hipotecas estão entre os dramas mais visíveis da crise econômica na Espanha, onde a taxa de desemprego já passou de 25%. De acordo com o Banco da Espanha (o banco central do país), em junho deste ano, cerca de 21 bilhões em hipotecas, de um total de 644 bilhões, estavam em atraso.Nas últimas três semanas, dois proprietários de imóveis se suicidaram para evitar a humilhação de serem vistos escoltados para fora de suas casas pela polícia: uma mulher no País Basco e um dono de banca de jornal em Granada. Um terceiro devedor que tinha a hipoteca executada sobreviveu depois de saltar de uma ponte em Valência.Esses casos causaram indignação popular e manifestações contra as medidas de austeridade adotadas pelo governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy. Pichações acusando os banqueiros de "assassinos" apareceram em várias agências bancárias."Estamos vendo coisas terríveis e situações desumanas", disse Rajoy. Para ele, as execuções de hipotecas são "uma questão difícil, mas espero que em breve possamos dar boas notícias ao povo espanhol". / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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