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Após três anos de bloqueio, China encerra embargo a meganavios da Vale

Logística. Com permissão para atracar seus navios gigantes em alguns portos chineses, a mineradora brasileira espera reduzir custos de frete, já que poderá levar seus carregamentos diretamente ao maior mercado consumidor de minério do mundo

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

AChina encerrou mais de três anos de embargo aos Valemax, os meganavios da Vale com capacidade para 400 mil toneladas, e permitirá que eles atraquem em alguns portos do país. A possibilidade de a mineradora brasileira conseguir levar seus carregamentos diretamente à China, a maior consumidora de minério de ferro do mundo e compradora de cerca da metade da produção da Vale, vai ajudar a companhia a reduzir o custo com frete. Segundo especialistas, o custo poderá cair em até US$ 6 por tonelada, notícia muito bem vinda no ciclo de baixa dos preços do minério.

Quatro portos na China poderão receber esses navios - Qingdao, Dalian, Tangshan Caofeidian e Ningbo - depois que eles atenderem alguns requisitos técnicos, informou ontem a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.

"A notícia de abertura de alguns portos da China para os VLOCs (Very Large Ore Carriers) da Vale é reconfortante, embora já antecipado pelos observadores do mercado", afirmam, em relatório, os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro, do BTG Pactual.

Sinal.

O primeiro sinal de que os portos da China poderiam se abrir aos Valemax ocorreu em setembro do ano passado, momento em que foi anunciado acordo firmado com a China Ocean Shipping Company (Cosco).

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O acordo envolveu quatro navios, com capacidade de 400 mil toneladas, que atualmente pertencem e são operados pela brasileira, e agora serão transferidos para a Cosco e afretados para a Vale em contrato de longo prazo, de 25 anos. A estatal chinesa Cosco foi quem liderou, no início de 2012, um lobby para impedir os Valemax, que são os maiores em operação no mundo, de atracar na China. A explicação dada na época era de que esses supernavios significavam "monopólio e concorrência desleal".

Custos.

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A liberação vem ao encontro dos esforços da companhia brasileira de reduzir custos para enfrentar os preços comprimidos de seu produto principal. O preço do minério de ferro caiu 3% ontem, em relação ao dia anterior, no mercado à vista chinês, indo para US$ 54,1 a tonelada seca. No acumulado da semana a queda chega a 11%.

Nos últimos doze meses, o menor preço foi registrado no dia 02 de abril de 2015, quando estava cotado em US$ 46,7 a tonelada. Já o valor mais alto desse período foi anotado em 15 de julho do ano passado, quando a tonelada da matéria-prima estava sendo negociada em US$ 98.

Procurada para comentar o fim do embargo, a Vale preferiu não se manifestar. Na semana passada, o diretor de relações com investidores da empresa, Rogério Nogueira, disse, em reunião com analistas e investidores, que a companhia procura se tornar mais competitiva no mercado. "Estamos trabalhando em diversas frentes, com corte de custos, de despesas, e aumento da produtividade", afirmou. A companhia espera reduzir este ano o equilíbrio entre custos e receitas, entre US$ 37 a tonelada a US$ 41 a tonelada. No primeiro trimestre deste ano, o equilíbrio do minério de ferro foi de US$ 43 a tonelada.

Desinvestimento.

Há dois meses, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que o próximo desinvestimento da mineradora deveria ser a venda de navios. A companhia já fechou acordo para vender quatro navios gigantes (VLOCs), conhecidos como Valemax, para a China Merchants Energy Shipping (CMES) - os valores não foram informados.

No mesmo dia, a empresa informou ter concluído a venda de outros quatro VLOCs para a China Ocean Shipping Company (Cosco), por US$ 445 milhões. Segundo Nogueira, a venda dos navios deve levantar US$ 1 bilhão neste ano e "algo similar" em 2016.

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