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Arábia Saudita anuncia ‘pacote antidistúrbio’ de US$ 37 bilhões

Tentando evitar que onda de protesto atinja seu país, monarquia do Golfo abre cofres e promete eleições municipais 

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Por Redação
Atualização:

RIAD - O rei Abdullah, da Arábia Saudita, retornou ontem a seu país após mais de três meses de ausência - ele passou por tratamento médico nos EUA e um período de repouso no Marrocos. Pouco antes da chegada do monarca, a imprensa saudita anunciou um pacote de US$ 37 bilhões em benefícios a cidadãos sauditas de classe média, além de um aumento de 15% em salários do funcionalismo público.

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Até agora, a Arábia Saudita - maior produtor de petróleo do mundo - não foi palco de protestos por reformas democráticas, combate à pobreza e corrupção, como os que varreram o Norte da África e partes do Oriente Médio.

No entanto, a página do Facebook convocando um "dia de ira" na capital saudita, marcado para 11 de março, já conta com centenas de apoiadores. Nos comentários, há palavras de ordem como "derrubem o regime!".

Tentando aplacar eventuais demonstrações de descontentamento interno, a Casa dos Saud deu ainda sinais de que estaria disposta a rever o controle absoluto que detém sobre a política. Autoridades falam, sem dar detalhes, sobre eleições para conselhos municipais - uma das principais reivindicações da oposição mais liberal.

No campo econômico, a iniciativa mais ambiciosa do "pacote antidistúrbio" é a injeção de mais de US$ 10, 7 bilhões em um fundo que concede crédito - sem juros - para habitações. Hoje, sauditas de classe média esperam 18 anos para conseguir esse tipo de empréstimo.

Mais US$ 4 bilhões devem ser destinados ao orçamento da Autoridade-geral de Habitação, órgão do governo que constrói casas populares. O Saudi Credit & Savings Bank, que concede empréstimos para jovens casais e pequenos comerciantes, levará mais US$ 8 bilhões. As dívidas de pessoas que faleceram serão canceladas.

Jovens passarão a ter direito a um ano de seguro desemprego, enquanto famílias que recebem ajuda do governo poderão ter mais filhos: agora 15.

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Vizinho instável. A luz amarela acendeu em Riad depois do início dos distúrbios no Bahrein, emirado encravado entre a Arábia Saudita e o Catar. Os protestos conduzidos pela maioria xiita (70% da população) contra a monarquia bahreinita, sunita, já deixaram sete mortos.

Em reação, o governo do Bahrein anunciou a libertação de 250 presos políticos e reforçou benefícios sociais. O rei do Bahrein, Hamad bin Isa, aguardava seu colega saudita ontem no aeroporto de Riad.

Abdullah, que teria 87 anos (sua idade não é confirmada), foi submetido a uma cirurgia de hérnia de disco em Nova York e teve complicações. Ele seguiu, então, para o Marrocos, país que também abriu os cofres e prometeu reformas para reduzir a pressão das ruas. Ontem, foi recebido por centenas de autoridades, que o aguardavam no aeroporto sob uma tenda, ao som de tambores.

Mais de um quinto das reservas de petróleo do mundo estão nas mãos da monarquia saudita, que é ainda um dos maiores detentores de títulos dos EUA e fiel aliado militar de Washington no Golfo Pérsico. / REUTERS e AP

Injeção bilionária

US$ 10,7 biSerão destinados a fundo que concede crédito, sem juros, para habitação popular

US$ 4 biReceberá a autoridade responsável pela construção de casas

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US$ 8 biFicarão com o Saudi Credit & Savings Bank, que concede empréstimo a jovens casais 

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