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Área plantada com transgênicos no mundo cresce 3%

No Brasil, que é o segundo maior produtor global de transgênicos, crescimento dessa área foi de 10%

Por Herton Escobar
Atualização:

O uso da biotecnologia na produção de commodities continuou a crescer em 2013, com um aumento de 3% na área plantada com transgênicos (principalmente soja, milho e algodão) em relação a 2012, segundo o último relatório anual do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), divulgado nesta quinta-feira, 13. Vinte e sete países cultivam plantas transgênicas atualmente; e, somados todos os ganhos dos últimos 18 anos - desde que a primeira cultivar de soja transgênica foi lançada nos Estados Unidos, em 1996 -, a biotecnologia já proporcionou uma economia de 123 milhões de hectares em área plantada no mundo. Isso equivale a um território agrícola do tamanho do Estado de Pará, que foi "poupado" de cultivo por conta do aumento de produtividade proporcionado pelos transgênicos, segundo os cálculos da organização. "A biotecnologia sozinha não faz nada, mas é uma ferramenta importante", diz o representante do ISAAA no Brasil, Anderson Galvão. "A grande inovação no campo nesse período foi o desenvolvimento e a adoção da biotecnologia; então, subentende-se que ela é a principal responsável por esse ganho observado de produtividade." O Brasil aparece mais uma vez no relatório como o segundo maior produtor de transgênicos no mundo, com 40,3 milhões de hectares plantados; à frente da Argentina (com 24,4 milhões) e atrás dos EUA (com 70,2 milhões). O aumento da área plantada no País em relação as 2012 foi de 10%. No caso da soja, 92% da área plantada já é transgênica. No caso do milho, 90%. E no caso do algodão, 47%. A perspectiva, segundo Galvão, é que a adoção de soja transgênica no Brasil continue a crescer nos próximos 10 anos, chegando a 95% da área plantada - deixando um nicho de 5% para a produção de grãos orgânicos e convencionais (não transgênicos), que encontram mercado em países como Japão, Coreia, Suíça e Finlândia. "Na Europa ainda há uma resistência ao plantio de transgênicos, mas não à comercialização. Se você olhar para o mercado de farelo de soja, 70% do que é comercializado na Europa é proveniente de soja geneticamente modificada", afirma Galvão.

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Made in Brazil. A grande novidade aguardada para este ano é a entrada no mercado da primeira soja transgênica brasileira, chamada Cultivance, geneticamente modificada para ser resistente a uma classe de herbicidas chamados imidazolinonas. Desenvolvida por meio de uma parceria público-privada entre a Embrapa e a Basf ela foi aprovada para comercialização no Brasil em dezembro de 2009, mas até agora não foi colocada no mercado. Segundo o pesquisador Elibio Rech, da Embrapa, principal responsável pelo desenvolvimento da planta, a demora deveu-se à espera pela aprovação da Cultivance em outros países - principalmente na China, que é uma grande compradora de soja brasileira. "Poderíamos ter lançado antes, mas havia o risco de o produtor ser obrigado a segregar as variedades para exportação; então demos uma segurada", disse Rech ao Estado. A Cultivance foi aprovada na China no ano passado. Agora, só falta a aprovação na Europa, que, segundo Rech, está no estágio final de trâmite burocrático. "Estamos pensando em fazer um pré-lançamento nesta próxima safra", adianta o pesquisador. Outro produto transgênico da Embrapa já aprovado para uso comercial - uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado - não tem data prevista para chegar ao mercado. Vários outros transgênicos estão sob análise da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão federal responsável por avaliar a segurança desses produtos para o meio ambiente e para a saúde humana e animal. Além de novas variações dos transgênicos mais tradicionais (soja, milho e algodão), a lista de espera inclui variedades de cana, eucalipto, alface e até mosquitos geneticamente modificados, que estão sendo desenvolvidas no Brasil.

"Se esses produtos oferecem maior produtividade ou se estão trazendo ganhos econômicos para o produtor, isso não é uma preocupação da CTNBio. O que nós avaliamos é a segurança: se eles têm algum impacto negativo sobre o meio ambiente ou para a saúde", diz o presidente da comissão e professor da Universidade de São Paulo (USP), Flavio Finardi. Segundo ele, desde a aprovação de Lei de Biossegurança brasileira, em 2005, não há relatos de qualquer evento nocivo relacionado à segurança dos produtos aprovados no País.

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