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Armazenamento é preocupação após safra recorde

Com quase 25 milhões de toneladas, 23% a mais que em 2016, setor enfrenta falta de alternativas para guardar produção

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Por Redação
Atualização:
Quem deve se responsabilizar pelo estoque da produçãoda safra agrícola Foto: Hélvio Romero/Estadão

Como armazenar a safra recorde de 2016/2017 no Paraná? Essa dor de cabeça, razoavelmente positiva, foi um dos temas debatidos pelos participantes do Fórum Regional Estadão Paraná. Com 24,8 milhões de toneladas, 23% a mais que a anterior, o desafio é como guardar os grãos de forma efetiva e quem deve ser o responsável por isso.

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O questionamento foi proposto pelo diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto. Para ele, a armazenagem é um desafio constante para qualquer país que cresceu na agricultura e atinge outros estados brasileiros. “Estive em Lucas do Rio Verde (MT) e lá tem montanhas de milho na rua, na avenida”, contou. Segundo ele, a solução ideal parte dos próprios agricultores. “Veja o modelo norte-americano majoritário. Lá, os próprios agricultores, para poder aproveitar as oportunidades de mercado e o momento do preço mais adequado, mantêm armazenamento dentro da sua propriedade. O governo já está saindo desse campo. No Brasil ainda estamos em um estágio onde o governo participa muito”, afirmou Florindo. 

Outra solução, segundo o diretor-presidente do Iapar, é investir ainda mais na industrialização da produção agrícola do Estado. “Numa agricultura que se proponha atuar globalmente, é preciso uma infraestrutura robusta de processamento da produção, de forma a agregar valor”, explicou. “Transportar frango processado é mais fácil do que levar soja para o mundo inteiro”, comparou.

Quem também defendeu um olhar mais atento para armazenagem no Estado foi o diretor presidente do Porto de Paranaguá, Luiz Henrique Tessutti Dividino. “Quando você fala de armazenagem, tem sempre um tom pejorativo de ‘é um valor agregado’. Armazenagem em qualquer lugar do mundo é uma coisa importante”, disse.

A questão de responsabilidade sobre os agricultores, para Dividino, é uma questão benéfica para eles próprios. “Na medida em que o produtor agrícola está capitalizado, a decisão de especular pelo melhor preço, que é um direito dele, faz com que ele tome decisões diferentes daquele modelo real e lógico de tirar de um lugar, colocar em outro e exportar”, explicou. 

Na conta de quem?

A discussão sobre o setor privado assumir mais responsabilidades foi além da debate sobre o armazenamento da safra agrícola. As facilidades que o setor público tem colocado para as empresas que desejam investir no Paraná foi destacada por Guilherme Penin, diretor institucional e de regulação da Rumo Logística.

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“O Paraná se destaca por duas razões principais, ambas ligadas a relação com o governo”, disse Penin. “Nossa interação com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) é muito boa, assim como com os municípios. A conversa com o governo do Estado também”, afirmou. A Rumo deve fechar 2017 com R$ 5 bilhões em investimentos no Brasil, dos quais R$ 2 bilhões destinados à Malha Sul.

Parceria.

O secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, ressaltou a importância de estabelecer parcerias para os projetos. “A situação do porto de Paranaguá, por exemplo. Há anos a autoridade portuária da APPA faz a regulamentação, e o resto é tocado por grupos privados. Para melhorar a qualidade dos serviços, precisa de aproximação”, disse Richa Filho.

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Na mesma linha foi Dividino, presidente do Porto de Paranaguá. “Se nós não conversarmos com o cliente, o melhor projeto vai dar errado. Estamos aqui para servir o setor, seja ele da indústria, do comércio ou agrícola”, disse. Com isso, a iniciativa privada investiu R$ 1,3 bilhão no porto até o fim de 2016. Na outra ponta a companhia fez uma reforma administrativa, em 2012, para reduzir o quadro e as despesas.

Já o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, comentou que na agricultura não há muitas opções para parcerias. “Nossos custos e renda são muito justos”, explicou. “O que a gente precisa é que o Estado não atrapalhe a gente. Por exemplo, temos um crédito de ICMS junto ao governo que a gente não consegue usar. Agora estamos tentando criar alternativas para pegar pelo menos um pouquinho desse dinheiro de volta. E não é só a Cocamar, mas todo o cooperativismo”, completou.

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