O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que a fabricante de autopeças Arteb, sediada em São Bernardo do Campo, demitiu na quinta-feira 220 trabalhadores, depois de ter entrado com pedido de recuperação judicial. Ainda segundo o sindicato, a empresa recorreu à recuperação judicial por não ter conseguido crédito para salvar suas finanças. A reportagem tentou entrar em contato com a Arteb, por telefone, mas não obteve resposta.
O sindicato pretende se reunir com os trabalhadores na próxima semana para analisar alternativas e “evitar um prejuízo maior”.
O presidente do sindicato, Rafael Marques, chegou a dizer que “a notícia, além de assustar, deixa a categoria em alerta”. A empresa conta com 1,3 mil trabalhadores e é líder na fabricação de sistemas de iluminação automotiva.
Até o ano passado, a Arteb mantinha duas unidades no ABC. A fábrica de Diadema teve de ser fechada e toda a operação foi concentrada em São Bernardo. Com o pedido de recuperação judicial, a empresa pretende evitar a falência.
Uma empresa faz o pedido de recuperação judicial quando perde a capacidade de pagar suas dívidas.
A notícia surge em meio a uma crise do setor automotivo no Brasil. No ano passado, as montadoras, que são as principais clientes das fabricantes de autopeças, registraram queda de 22,8% na produção de veículos novos em relação ao volume produzido em 2014, em razão dos fracos resultados nas vendas, que caíram 26,5% na mesma comparação.
Logo no primeiro mês deste ano, os dados mostraram quedas ainda mais intensas. A produção recuou 29% ante janeiro de 2015 e as vendas tiveram baixa de 38,8%.
Com isso, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) estima que suas associadas terminaram 2015 com faturamento nominal de R$ 63,2 bilhões, recuo de 17,7% em relação a 2014. A retração resultou no fechamento de 29,8 mil postos de trabalho. A previsão do Sindipeças para 2016 é que mais 8,4 mil empregos sejam eliminados.Greve. Outra empresa de autopeças, a Italspeed, fabricante de rodas de liga leve em São Paulo, deve ter a produção paralisada na segunda-feira em razão de greve dos funcionários.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o protesto é contra “constantes atrasos de salários e o não cumprimento de acordos de pagamento das rescisões de demitidos firmados na Justiça do Trabalho.”
O diretor do sindicato, Carlos Augusto, diz que a empresa mandou 90% dos trabalhadores ficarem em casa, sem salário e, recentemente, começou a enviar telegramas de dispensas. A empresa também não pagou o 13º salário nem o abono do dissídio coletivo do ano passado e os salários estão atrasados.
Além disso, afirma Augusto, a Italspeed demitiu 35 funcionários no fim do ano e não pagou as verbas rescisórias. “Em audiência no Tribunal Regional do Trabalho, a Italspeed assinou acordo para pagar as rescisões em 14 parcelas, e já não pagou a primeira, programada para 3 de janeiro”, diz Augusto. Nenhum representante da empresa foi localizado ontem para comentar o assunto./ COLABOROU CLEIDE SILVA