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Ata do Fed mostra visões divergentes sobre aumento dos juros nos EUA

Alguns dirigentes do BC americano mostram-se preocupados em agir prematuramente e sem ferramentas para lidar com os choques de baixa para a economia

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Por Redação
Atualização:
Presidente do Federal Reserve, Janet Yellen Foto: Manuel Balce Ceneta/AP

Atualizado às 15h58

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A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, o banco central norte-americano, não deu um sinal claro sobre quando a taxa de juros será elevada nos Estados Unidos. O documento, divulgado mais cedo que o previsto, sai quatro semanas antes da reunião de setembro do Fed.

A ata da reunião deixou sinais mistos sobre se os dirigentes do Fed estão caminhando para elevar os juros em sua reunião de setembro, após meses de sinais de que eles pretendem tomar esse passo antes do fim do ano.

"A maioria [dos dirigentes] julgou que as condições para normalizar a política ainda não estão dadas, mas eles notaram que as condições estão se aproximando desse ponto", afirma a ata da reunião de 28 e 29 de julho do Fed.

A avaliação dos dirigentes de que está se aproximando o momento de subir os juros pode ser uma pista de que veem setembro como o momento certo para a primeira alta. O documento mostrou, porém, que os dirigentes tinham uma série de visões sobre esse ponto e alguns temores importantes.

"Alguns participantes expressaram a visão de que a informação por vir ainda não tinha ainda dado embasamento para a confiança razoável de que a inflação voltará aos 2% (meta do Fed) no médio prazo e de que a perspectiva para a inflação portanto não deve atingir em breve as condições estabelecidas para o início da normalização da política", diz a ata.

Alguns dos dirigentes mostram-se preocupados em agir prematuramente e sem ferramentas para lidar com os choques de baixa para a economia. Também viram riscos de baixa para a economia diante de acontecimentos do exterior, particularmente da China.

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Houve, também, dirigentes que sugeriram que se evite uma hesitação. Alguns dirigentes argumentaram que uma alta nos juros pode levar confiança ao mundo sobre a perspectiva econômica e que o Fed precisava agir, em reconhecimento do progresso da economia norte-americana, que já caminha para a normalidade.

Projeções. A ata do Fed mostra que a equipe técnica da instituição reduziu "levemente para baixo" as projeções de médio prazo para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Além disso, o documento aponta que para o Fed há ainda riscos de piora nas projeções de PIB e inflação. Alguns dirigentes veem riscos de baixa para a inflação por causa do dólar forte e da queda nos preços das commodities.

De acordo com a ata, a revisão na projeção para o PIB reflete uma previsão um pouco mais forte para o dólar. "Alguns" dirigentes mostraram-se preocupados com as taxas de juros divergentes entre os EUA e o exterior, o que poderia fortalecer ainda mais a moeda. Outro ponto destacado no documento é que os dirigentes esperam que as exportações reduzam seu impacto positivo para o PIB, por causa da moeda norte-americana forte, que torna os produtos dos EUA mais caros no exterior.

No caso da inflação, o declínio do petróleo foi o fator apontado para a redução nas projeções. A equipe técnica do Fed continua a prever que a inflação estará abaixo da meta de 2% do BC dos EUA ao longo de 2016. Para a equipe técnica, nem a política monetária nem a fiscal estão bem posicionadas para ajudar a economia a lidar com choques adversos.

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Grécia e China.  Os dirigentes do Fedconcordaram que os riscos para a economia dos Estados Unidos vindos da crise da Grécia "diminuíam um pouco". Entretanto, eles alertaram que a Grécia ainda tem um longo caminho até superar seus problemas fiscais e financeiros e que seu crescimento econômico iria permanecer moderado "no curto prazo."

Os dirigentes do Fed se mostraram mais preocupados com a ameaça de uma desaceleração maior da economia chinesa. "Vários participantes observaram que um abrandamento da atividade econômica chinesa poderia representar riscos para as perspectivas econômicas dos Estados Unidos", diz a ata.

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