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Bahia questiona venda da Gaspetro

Governo baiano ameaça ir à Justiça contra a entrada da Mitsui no capital da subsidiária da Petrobrás, o que afetaria a estatal Bahiagás

Por Antonio Pita e
Atualização:

RIO - Após obter a aprovação para compra de participação minoritária na Gaspetro, a japonesa Mitsui já enfrenta resistência dos futuros sócios. O governo da Bahia, sócio majoritário da Bahiagás, uma das empresas com participação da Gaspetro, ameaça ir à Justiça para barrar o negócio ou, pelo menos, evitar que a japonesa tenha assento no conselho de administração e indique diretores para a concessionária de distribuição de gás. A Mitsui, entretanto, já mira em novos negócios no País, como a aquisição de um terminal logístico que atende à Petrobrás, em Niterói. A compra de 49% da Gaspetro foi aprovada pelo conselho de administração da Petrobrás na última sexta-feira. Com a aquisição, a Mitsui aumentará a participação em distribuidoras estaduais de gás de oito para 19 empresas. O temor do governo baiano é que a Bahiagás passe a ser pautada pelo interesse de pagamento de dividendos e não mais por motivações sociais e de desenvolvimento econômico. Juntos, o governo da Bahia, a Petrobrás (por meio da Gaspetro) e a Mitsui controlam a distribuidora.

Unidade do Gasoduto do Nordeste (Gasene), na Bahia: Estado diz temer mudanças societárias na Bahiagás Foto: Agência Petrobras

"Não sei o valor do negócio, mas tenho certeza que, se tivéssemos sido procurados, poderíamos procurar outros investidores que já não fossem sócios, que não fosse a Mitsui", disse Marcos Cavalcanti, presidente do conselho de administração da Bahiagás e secretário estadual de Infraestrutura. Segundo ele, o Estado não foi procurado para discutir o negócio e soube da venda pela imprensa. Na Justiça, o argumento que deve ser apresentado pelo governo é que o negócio contrariou o acordo de acionistas por não respeitar o direito de preferência do Estado na compra das ações. Além da Bahia, também o Distrito Federal sinalizou que poderia questionar a negociação. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade que reúne diversas representações sindicais, também já estuda uma ação judicial contra o negócio, alegando conflito de interesses entre as empresas. A Mitsui é uma das principais acionistas da Vale, uma das principais clientes da Petrobrás.Logística. O grupo japonês tem mais de 400 anos e atua em mais de 50 países. No País, a Mitsui está presente desde a década de 60. A estratégia da empresa, agora, é consolidar a atuação em toda a cadeia de gás, podendo até importar o produto de áreas onde é produtora. O próximo alvo da companhia é o terminal de logística da Wellstream, com 55 mil m² para serviços de carga, descarga e armazenamento de suprimentos à atividade da Petrobrás nas bacias de Santos e Campos. A japonesa apresentou proposta para compra de 49% do terminal, formando uma joint venture com a GE Óleo e Gás. O controle, por sua vez, continuaria com o braço de engenharia e fabricação de dutos flexíveis da Wellstream. A proposta chegaria a US$ 85 milhões, segundo fontes próximas à negociação. A Mitsui também teria demonstrado interesse em ampliar participação na joint venture, podendo até assumir o controle. Segundo fontes, o acordo dependeria apenas de aprovação da GE Óleo e Gás, que informou, em comunicado, não comentar especulações de mercado. "A companhia esclarece que o setor de óleo e gás continua sendo estratégico para a GE no Brasil e, por isso, não iniciou e não pretende iniciar nenhum processo relevante de desinvestimento de seus ativos de óleo e gás no País", completou. Já a Mitsui apenas divulgou em seu site um comunicado a investidores sobre a compra da Gaspetro. Na nota, a empresa indica que desde 2006 trabalha para "melhorar a infraestrutura de distribuição de gás no Brasil".

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