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Baixa do minério dificulta grandes retornos aos acionistas de grandes mineradoras

Afetadas por crescimento mais lento na China, mineradoras globais frearam os planos de expansão e sob nova administração venderam ativos

Por SONALI PAUL
Atualização:
"No momento, há uma grande quantidade de fluxo de caixa em risco em relação à história por causa da volatilidade dos preços das commodities", disse Paul Phillips Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

A fragilidade dos preços do minério de ferro aumenta as chances de as maiores mineradoras do mundo engavetarem planos de retornar um excedente de dinheiro aos acionistas em fevereiro, apesar das promessas para os investidores, que esperavam colher os benefícios de dois anos de austeridade.

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Afetadas por crescimento mais lento na China, mineradoras globais frearam os planos de expansão e sob nova administração venderam ativos, aumentando as esperanças de que a BHP Billiton <BHP.AX> <BLT.L> sozinha poderia retornar até 8 bilhões de dólares para os investidores.

Na temporada de resultados de agosto, a Glencore deu o pontapé para uma esperada festa com uma recompra de ações de 1 bilhão de dólares; a segunda produtora de minério de ferro, a Rio Tinto <RIO.AX> <RIO.L>, sinalizou que estaria em uma posição forte para devolver capital em fevereiro, e a BHP disse que o movimento estava "próximo".

Mas os preços do minério de ferro desabaram para mínimas de cinco anos desde então, graças às grandes mineradoras que inundam o mercado com nova oferta, enquanto as produtoras de alto custo na China continuam a produzir, desafiando as expectativas do mercado de que o piso seria em torno de 90 dólares por tonelada.

Se os preços continuarem abaixo de 90 dólares pelo resto do ano, a BHP e a Rio Tinto, ambas olhando na manutenção seus ratings de crédito 'A', seriam duramente pressionadas para devolver capital aos acionistas, além de elevar seus dividendos, disseram analistas de dívida e ações.

"No momento, há uma grande quantidade de fluxo de caixa em risco em relação à história por causa da volatilidade dos preços das commodities, não apenas em minério de ferro, mas em qualquer exposição ao preço à vista. Você não pode antecipadamente devolver dinheiro neste ambiente", disse Paul Phillips, sócio da gestora de fundos Perennial Growth Management.

A BHP e a Rio Tinto poderiam ser levadas a focar em manter balanços conservadores, disse ele, com ambas as empresas cortando custos, reduzindo os gastos de projeto e limitando a dívida para ajudar a enfrentar a crise no preço do minério de ferro e outras commodities.

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"Nós não vamos pressioná-los para retorno de capital em si. Ele tem que ser sensato dado o ambiente em que estamos", disse Ross Barker, diretor da Australian Foundation Investment Co, uma das cinco maiores investidoras em ações australianas da BHP.

O CEO da BHP, Andrew Mackenzie, admitiu depois de divulgar os resultados anuais em agosto que o conselho decidiu não endossar uma recompra de ações, uma vez que estava sendo cauteloso em face de mercados voláteis.

"Olhando para a frente com a nossa configuração atual, hoje, o nosso desejo de continuar a ser um negócio sólido com rating de crédito 'A'... pensamos que seria prematuro começar agora, mas estamos chegando perto", disse ele a repórteres em Londres.

Mas, com os preços do minério de ferro em queda de 8 por cento desde então, pairando perto de mínimas de cinco anos, a BHP e a Rio Tinto podem ainda não começar a devolver o excesso de caixa em fevereiro, disse o analista da Standard & Poor's May Zhong.

"Os baixos preços do minério de ferro reduzirão a sua flexibilidade para dar qualquer retorno de capital significativo", disse Zhong.

Ela ainda espera uma pequena recuperação nos preços do minério de ferro em 2015, mas não acima de 100 dólares, e vê a BHP e a Rio Tinto em posição mais forte para suportar o mercado difícil.

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