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Bancos ampliam ações para estimular consumo consciente do crédito

Instituições financeiras tentam ensinar clientes a não se perder em meio ao forte crescimento da oferta de empréstimos no País nos últimos anos

Por Roberta Scrivano
Atualização:

Com a forte expansão do crédito nos últimos anos no Brasil, instituições financeiras e outras entidades ligadas ao setor começam a fazer movimentos para estimular o consumo consciente de empréstimos. Os motivos para o aumento dessas iniciativas são dois: educar o cliente e – consequentemente – evitar a explosão da inadimplência.

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A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que o crédito consciente tem sido tema recorrente nas reuniões entre a Febraban e os bancos. "Despertamos nas instituições a preocupação de que eles têm de educar o consumidor para que o crédito não o prejudique", diz Fábio Moraes, diretor de educação financeira da instituição.

Pensar no longo prazo, entender o que é crédito e quais as modalidades disponíveis são os pontos básicos do consumo consciente de financiamentos. "É preciso pensar no aspecto social e econômico para o cliente e a sociedade", completa Moraes, que explica que o crédito consciente faz parte de um programa de finanças sustentáveis da Federação.

Para Angela Menezes, professora de finanças do Insper (ex-Ibmec São Paulo), o interesse dos bancos pelo crédito consciente se dá sobretudo por conta da forte entrada das classes C e D no setor bancário.

"Estamos falando de uma fatia da população que nunca teve conta em banco e que quer comprar uma porção de coisas", diz Angela. Os dois aspectos somados resultam na procura pelo crédito. "Eles não têm dinheiro para comprar à vista tampouco têm a consciência que seria bom poupar para comprar", emenda. Com a falta de experiência com produtos bancários, Angela reforça que o risco de haver forte inadimplência, sem esse processo de conscientização, é "bem grande."

Projetos. As iniciativas dos bancos são, em geral, muito semelhantes. Cartilhas, sites específicos e prospectos mais curtos são repetidos no Itaú-Unibanco, Santander, HSBC, Banco do Brasil e Bradesco.

Rogério Estevão, diretor de empréstimos pessoais do Santander, diz que o projeto do banco também tem a ver com o intuito de fidelizar o cliente. "Nós queremos ficar com o cliente por muito tempo e, se não há crédito consciente, há inadimplência e podemos perder o cliente."

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No Itaú Unibanco, a principal aposta, além das cartilhas, é estreitar o relacionamento com o cliente. Saber se o cliente está "no vermelho ou no azul" é o primeiro passo, conta Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Itaú Unibanco. "Depois vamos explicar como o crédito funciona, pra que cada linha serve e por aí vai."

Os dois executivos admitem que a preocupação é principalmente porque o crédito no Brasil é usado, sobretudo, para o consumo e não para empreender, por exemplo. "É perceptível que há muita gente que não sabe o que é cheque especial, cartão de crédito e crédito", diz Estevão.

O HSBC aposta nas informações online. No site do banco, há uma página bem elaborada e interativa para que o cliente pesquise antes de adquirir o crédito. Dicas de como elaborar um orçamento, ferramentas que calculam quanto de juros você vai pagar com determinado financiamento e explicações didáticas sobre cada uma das linhas de crédito são algumas das opções disponibilizadas

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