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BB compra 49% do Banco Votorantim

Acordo prevê que BB pague cerca de R$ 5,5 bilhões pelas ações e que o poder de decisão seja compartilhado

Por Ricardo Grinbaum e Fabio Graner
Atualização:

O Banco do Brasil fechou acordo para a compra de pouco menos da metade do Banco Votorantim. Segundo fontes ligadas ao negócio, o BB deve pagar cerca de R$ 5,5 bilhões por aproximadamente 49% do banco. Ontem, o presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, negou à imprensa que haja "negociação em curso". Mas o Conselho de Administração do BB se reuniu por seis horas para debater o assunto e fontes ligadas ao negócio dizem que o acordo poderá ser anunciado nos próximos dias. Uma das principais divergências entre os Ermírio de Moraes, donos do Votorantim, e o BB foi superada nos últimos dias, depois de três meses de negociações. Os Ermírio de Moraes queriam vender parte das ações para reforçar o banco, depois da crise que atingiu as instituições financeiras, em outubro. Mas temiam que o banco ficasse sob o regime de uma estatal. Já o BB queria controlar o Banco Votorantim. A solução encontrada foi manter pouco mais de 50% das ações nas mãos do grupo Votorantim, mantendo o status de banco privado. Em compensação, o poder de decisão será compartilhado. O BB terá direito a metade das seis vagas do Conselho de Administração do Banco Votorantim. Foi definido também que a presidência do Conselho será alternada entre representantes do BB e do Votorantim. O primeiro presidente do Conselho depois de sacramentado o negócio deverá ser indicado pelo BB. PAGAMENTO Faltam poucos detalhes para o acordo final, além de uma auditoria de praxe no banco. O principal ponto a ser resolvido é a forma de pagamento. Parte dos recursos será paga em dinheiro. Outra parte será paga por meio de uma injeção de capital no Banco Votorantim. Uma terceira parte será recebida pelo grupo, por meio de uma distribuição de dividendos a ser feita pelo Banco Votorantim antes da transferência das ações. A combinação entre as modalidades de pagamento definirá o valor a sair dos cofres do BB. ITAÚ A compra de parte do BV é a terceira concluída pelo BB nos últimos meses. Antes disso, o BB levou a Nossa Caixa, de São Paulo, e o Banco do Piauí. O BB negocia ainda a compra do BRB (Banco Regional de Brasília), avaliado em aproximadamente R$ 800 milhões. A safra de aquisições é uma reação à união entre o Itaú e o Unibanco, anunciada no início de novembro. Com a união, o Itaú ultrapassou o BB e se tornou o maior banco do País. Com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o BB decidiu retomar a primeira posição. Mas mesmo com as últimas aquisições, a liderança continua com o Itaú-Unibanco. Segundo dados dos balanços de junho, o Itaú-Unibanco teria R$ 515,84 bilhões em ativos, contra R$ 507,99 bilhões, do BB. O principal interesse do BB no Votorantim é pela carteira de financiamento de automóveis. Nos últimos tempos, o BB estava se esforçando para crescer nessa área. O Votorantim é um dos líderes desse mercado, com uma carteira de empréstimos de R$ 17,9 bilhões, segundo dados de junho. Embora tenha uma situação financeira sólida, o Banco Votorantim virou alvo dos concorrentes depois do agravamento da crise internacional. Seu modelo de negócios foi colocado à prova. De um lado, o banco sofreu saques por causa de boatos envolvendo a área industrial do grupo. No auge da crise, não se sabia se as perdas com operações de derivativos sofridas pelo Votorantim poderiam afetar o banco. Por outro lado, a captação de recursos no mercado ficou mais difícil. Em todo o mundo, os bancos que têm redes de agências ganharam terreno. A base de clientes facilita a obtenção de recursos a um custo mais baixo.

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