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Banco Central aumenta projeção da inflação para 9% em 2015

Para 2016, o BC espera uma alta de preços de 4,8%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação; a autoridade monetária também revisou a estimativa do PIB para queda de 1,1%

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Por Célia Froufe (Broadcast), Adriana Fernandes e Victor Martins
Atualização:
Se inflação ultrapassar o teto da meta de 6,5%, aequipe liderada pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, terá de escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando os motivos Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Banco Central mostrou um tom mais pessimista para o desempenho da economia neste ano no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quarta-feira, 24. Para a inflação em 2015, a expectativa do BC subiu de 7,9% para 9%, o dobro do centro da meta de inflação (4,5%). A revisão para a projeção do IPCA neste ano veio depois das sucessivas surpresas com a inflação corrente. 

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Já para o Produto Interno Bruto (PIB) a autoridade monetária espera uma contração de 1,1%. Anteriormente, a projeção era de -0,5%. Ambas as expectativas fazem parte do cenário de referência do relatório. Pelo cenário de mercado, a previsão anterior do BC também era de 7,9% para o IPCA deste ano e agora está em 9,1%.

Está cada vez mais claro que a autoridade monetária desistiu de tentar levar a inflação para o centro da meta de 4,5%. Tampouco, deverá reduzir o indicador para o teto de 6,5%. Com isso, a equipe liderada pelo presidente Alexandre Tombini terá de escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando os motivos que levaram a instituição a não cumprir sua tarefa bem como dar indicações sobre o que fará para reverter o quadro de descontrole dos preços. Segundo o próprio BC, a chance de estouro do teto da meta da inflação em 2015 subiu para 99%.

O BC tem dito que sua missão é combater os efeitos secundários da alta da inflação deste ano. O objetivo é evitar transmissão para 2016 por meio da inércia. Por conta disso, os analistas devem se debruçar sobre a nova projeção do BC para o IPCA de 2015 e tentar calcular o quanto haverá de carregamento para o ano que vem.

Apontados como os principais vilões da inflação no curto prazo, os preços administrados devem ter alta de 13,7% em 2015 no cenário de mercado e no de referência. No caso de tarifas de telefonia fixa, a estimativa está em 3%. Em relação aos reajustes das tarifas de energia elétrica, o BC projeta uma variação de 43,3% para 2015.

Ano que vem. O Banco Central também revelou a informação mais esperada pelo mercado financeiro dos últimos dias: sua projeção para o IPCA de 2016. Segundo o relatório, a inflação subirá 4,8% no ano que vem, pelo cenário de referência. A estimativa anterior da autoridade monetária era de 4,9%. A promessa do BC é entregar a inflação na meta de 4,5% no fim de 2016. Já no cenário de mercado, a previsão de alta de 5,1% para o próximo ano foi mantida.

Estas estimativas serão fundamentais para os analistas do setor privado calibrarem suas previsões para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o final de julho. A dúvida é sobre se o BC manterá o ritmo de alta de 0,50 ponto porcentual, como nos últimos meses, ou se já está se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário. Desde outubro, o colegiado opta por elevar a taxa básica de juros ininterruptamente. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

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A mediana das previsões do mercado para o IPCA de 2016 está estacionada há cinco semanas em 5,50% no Relatório de Mercado Focus. No grupo Top 5, que reúne as cinco instituições que mais acertam as estimativas para o índice no médio prazo, a mediana das previsões está em 5,21%. 

Dólar. O Banco Central determinou que a data de corte para confeccionar o Relatório Trimestral de Inflação é 12 de junho de 2015. Com isso, o câmbio no cenário de referência usado nos cálculos apresentados no documento é de R$ 3,10. No RTI de março e na última ata do Copom deste mês, a cotação usada pelo BC era de R$ 3,15. 

Em meio às discussões a respeito do cumprimento da meta fiscal, o BC considerou ainda que leva em conta em seus cálculos um superávit primário de R$ 66,3 bilhões. Para 2016, a autoridade monetária trabalha com uma taxa de 2% do PIB, mesmo porcentual da edição de março.

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