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Copom sinaliza novo corte de 1 ponto nos juros em setembro

Ata da última reunião, quando Selic baixou para 9,25% ao ano, atribui peso menor à preocupação com as reformas

Foto do author Adriana Fernandes
Por Fabrício de Castro , Fernando Nakagawa e Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Após ter reduzido os juros básicos no Brasil de 10,25% para 9,25% ao ano, o Banco Central deixou clara a possibilidade de um novo corte de 1 ponto porcentual da taxa Selic em setembro. Isso porque a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta terça-feira, 1, atribui peso menor às preocupações em torno do andamento das reformas no Congresso – em especial a da Previdência.

Na ata da reunião de maio, a primeira após as delações de executivos da JBS atingirem o governo Michel Temer, o BC havia expressado o receio de que as reformas não andassem, prejudicando a baixa da inflação e a queda dos juros. Na época, a leitura era de que a instituição reduziria para 0,75 ponto porcentual o ritmo de cortes da Selic.

Segundo o BC, as startups poderão ocupar espaços não atendidos pelos bancos tradicionais em financiamentos de famílias e pequenas empresas. Foto: André Dusek/Estadão

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Mas, na semana passada, o Copom manteve o ritmo de redução de 1 ponto porcentual da taxa e, na ata de hoje, sinalizou que isso tende a continuar, se as condições atuais não mudarem. A preocupação com as reformas permanece, mas o BC minimizou o peso delas sobre a política monetária.

A mudança de tom foi perceptível. Se na ata de maio o Copom citou o termo “incerteza” 17 vezes – na maioria das vezes para se referir ao andamento das reformas em meio à crise política –, no documento de ontem a palavra apareceu oito vezes.

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Por outro lado, o BC colocou mais peso na avaliação da atividade econômica. A instituição pontuou que a recuperação da economia continua sendo observada, mas não pontuou, como vinha fazendo antes, quando a atividade realmente ganhará tração. Além disso, a instituição reconheceu que o recente aumento da incerteza quanto às reformas “impactou negativamente índices de confiança dos agentes econômicos”. Na prática, sem saber qual será o rumo do País, os consumidores seguram os gastos e as empresas, os investimentos. E não há espaço para alta da inflação.

Nesse ambiente, o BC minimizou os efeitos da crise política. “Até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários”, citou a ata.

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No mercado financeiro, há quem estime que a Selic possa chegar a 7,25% em fevereiro de 2018. Se isso ocorrer, a taxa básica terá retornado ao seu mínimo histórico, visto março de 2013.

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“Mantemos a projeção de corte de 1 ponto em setembro e de 0,75 pontos em outubro, com o ciclo de afrouxamento monetário se encerrando aos 7,5% ao ano”, disse o economista-chefe do BTG Pactual, Eduardo Loyo. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JUNIOR E CAIO RINALDI

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