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BC não tem cronograma para cortar juros, diz Ilan

No Senado, Ilan Goldfajn reiterou que o corte de juros depende de uma série de fatores que permitam ao BC ter confiança de que a meta de inflação será atingida

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Por Redação
Atualização:
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Banco Central não tem cronograma preestabelecido para flexibilização da política monetária, afirmou nesta terça-feira o presidente do BC, Ilan Goldfajn, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

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"Qualquer decisão será tomada nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), com base na evolução da combinação dos fatores e nas expectativas e projeções de inflação", afirmou Ilan.

"É a evolução favorável dos fatores que propicia ao Copom o conforto com suas projeções em direção à meta, que é seu objetivo principal. Em suma, a flexibilização das condições monetárias dependerá de fatores que permitam que os membros do comitê tenham confiança no alcance das metas para a inflação", acrescentou.

Em sua fala inicial, Ilan reiterou a avaliação que o BC já tinha feito no Relatório Trimestral de Inflação sobre as três condições em relação às quais precisa ver melhoria antes de reduzir a Selic.

Sobre a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação, ele repetiu que evidências recentes indicam que a queda nos preços de alimentos no atacado tem se transmitido para o varejo, e que projeções para subitens de alimentos parecem mostrar maior segurança no processo de reversão do choque de preços nesse setor.

Quanto aos serviços, o presidente do BC repetiu que ainda há sinais inconclusivos quanto à velocidade de desinflação em direção à meta.

Falando sobre os desenvolvimentos no fronte fiscal, Ilan ponderou mais uma vez que há sinais positivos do encaminhamento e apreciação das reformas fiscais, mas que o processo de tramitação ainda está no início e permanecem incertezas quanto à aprovação e à implementação dos ajustes necessários.

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Ilan reforçou em diversos momentos a importância da aprovação das reformas para restaurar a confiança dos agentes econômicos e criar condições para a recuperação econômica, com inflação baixa e estável.

Também avaliou que é preciso revisitar e propor a modernização do marco legal para atuação do BC.

Questionado sobre o tamanho das reservas internacionais, Ilan reconheceu que elas têm um custo elevado devido ao diferencial de juros no Brasil e no exterior, mas avaliou que o país se endividou para acumular reservas porque elas funcionam como um seguro necessário.

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"Para frente, nós vamos olhar quando acabar essa crise, quando as coisas estiverem mais calmas, vamos avaliar o tamanho das reservas pelo diferencial de juros. E esperamos que ao longo do tempo, se as condições estiverem aqui e sim, se as condições fiscais também nos ajudarem, o diferencial de juros pode ao longo do tempo ir diminuindo com relação ao resto do mundo e talvez torne as reservas menos caras."

Ilan negou que o BC esteja usando o câmbio como instrumento da inflação, do contrário não estaria reduzindo o estoque de swaps como está fazendo. A esse respeito, novamente pontuou que o BC tem diminuído sua posição sem alterar a tendência do mercado de câmbio, mas que o espaço para essa atuação tem se estreitado em função da proximidade da normalização das condições monetárias nos Estados Unidos.