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Banco Central eleva Selic a 14,25% e indica fim do ciclo de alta de juros

Trecho do comunicado em que o BC afirma que 'manutenção dos juros nesse patamar por período suficientemente prolongado' é necessária para controlar a inflação foi a senha para o mercado acreditar em um ponto final para a escalada da taxa

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Por Célia Froufe (Broadcast)
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Resultado das transações correntes ficou negativo em fevereiro deste ano, em US$ 1,134 bilhão. Foto: André Dusek/Estadão

Atualizado no dia 30/07 às 00h22

BRASÍLIA - O Banco Central aumentou nesta quarta-feira a taxa básica Selic de 13,75% para 14,25% ao ano, o maior nível desde agosto de 2006, quando estava exatamente nesse patamar. Foi a sétima elevação seguida dos juros. A alta veio em linha com a expectativa majoritária do mercado financeiro, que dá o ciclo por encerrado agora. Numa ação inédita, um membro do Comitê de Política Monetária (Copom) deixou de participar propositalmente de uma decisão do colegiado.  Após ter sido criticado por parlamentares por ter revelado o seu voto antes da reunião, o Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, decidiu se abster da votação. A decisão do Copom revela que a alta recente do dólar e o abandono da meta de economia que o governo faz para pagar juros da dívida falaram mais alto do que a recessão que o País enfrenta. A opção pelo aumento de meio ponto porcentual foi unânime dentro do colegiado. 

O comunicado que se seguiu à decisão teve uma primeira parte muito similar à dos últimos quatro, mas trouxe uma mudança de tom. Desde janeiro, o BC justifica os aumentos levando em conta a avaliação do “cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”.  Desta vez, no entanto, os diretores acrescentaram que entendem que “a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado” é necessária para que a inflação chegue aos 4,5% no fim de 2016. Essa foi a senha para o mercado acreditar em um ponto final agora.  Para o diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, os juros sairão da mídia até 2016. “O BC encerrou e sepultou o ciclo de aperto, finalmente. Isso aumenta a previsibilidade de um parâmetro fundamental para a retomada gradual da confiança”, disse.

Opinião semelhante apresentou a economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro. Para ela, a mudança no comunicado dá um “claro sinal” de que a autoridade monetária pretende encerrar o ciclo de alta da taxa básica de juros. “O comunicado sinaliza que o BC vai sustentar a Selic neste patamar pelos próximos meses”, afirmou.Meta fiscal. Na nota, o BC acrescentou ainda que avaliou o “balanço dos riscos” para tomar a decisão. A inclusão do termo, para alguns analistas, pode ser uma referência à mudança da meta fiscal promovida pelo Ministério da Fazenda. Na semana passada, Joaquim Levy anunciou que a meta fiscal seria agora de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), e não mais de 1,13%. Com isso, a política fiscal deixa de contribuir ou auxilia menos o trabalho do comitê de aumentar juros. / COLABORARAM FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E CARLA ARAÚJO

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