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BID estima crescimento de 4% para AL

Por Agencia Estado
Atualização:

A recuperação econômica da América Latina verificada em 2003, quando os países da região cresceram 1,5%, em média, ainda é frágil, e, embora estimativas otimistas mostrem uma expansão pouco mais vigorosa, entre 3,5% e 4%, para este ano, as perspectivas de médio prazo continuam incertas devido aos efeitos gerados pela longa crise dos anos anteriores, afirma o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em seu Relatório Anual 2003, que está sendo divulgado nesta segunda-feira, durante a Assembléia Anual da instituição. O BID atribui a "uma feliz combinação de circunstâncias externas e internas favoráveis" a recuperação da América Latina e o Caribe depois de um longo período de estagnação, que teve início em 1998. Na frente externa, argumenta o banco, "o crescimento da economia mundial começou a se acelerar, os preços das matérias-primas subiram e houve uma perceptível melhora no ambiente de risco financeiro internacional". Em decorrência disso, afirma o BID, "a região obteve capital a taxas mais baixas". Na frente interna, vários fatores contribuíram para a incipiente recuperação latino-americana. Os déficits externos, por exemplo, foram corrigidos, as elevadas taxas reais de câmbio estão levando a um aumento das exportações e as taxas moderadas de inflação permitem uma queda, mesmo que moderada, das taxas de juros. "Isso mostra claramente que a recuperação econômica da América Latina e do Caribe está estreitamente relacionada ao ambiente econômico internacional", afirma o BID. Apesar da dependência externa, o BID se mostra otimista e diz que a região está, agora, numa fase de recuperação, principalmente a Argentina, que cresceu 8,7% em 2003. A situação no Brasil também é promissora, já que, de acordo com uma fonte do banco, "desapareceram os temores que existiam há um ano, quando o País enfrentou uma dura crise". Alerta vermelho O otimismo do banco, porém, limita-se ao ano em curso, já que, o próximo e os seguintes dependerão, e muito, do cenário externo. "Tudo dependerá da economia norte-americana, que, por enquanto, está em expansão. Em ano eleitoral, ninguém (nenhum candidato à Casa Branca) se animará a fazer qualquer tipo de ajuste que poderia até elevar os níveis das taxas de juros norte-americanas", comentou com a Agência Estado essa importante fonte do BID. Os economistas desse organismo multilateral de financiamento alertam, por exemplo, sobre os níveis de dívida pública, que, em muitos países, ainda estão excessivamente altos. "Embora os déficits fiscais tenham sido reduzidos, em algumas economias ainda continuam demasiado altos como para garantir estabilidade", diz o relatório de pouco mais de 150 páginas. Segundo o BID, os níveis de dívida pública nas sete maiores economias da região passaram de uma média de 37% do PIB, em 1997, para 51% em 2002, principalmente por causa das dificuldades fiscais e das desvalorizações de suas moedas. De acordo com os economistas do banco, a fragilidade das finanças públicas significa que os governos não poderão exercer um papel muito ativo para apoiar a expansão da demanda. Pior ainda, acrescentam eles, isso significa que a região ainda está vulnerável a novos choques, capazes de afetar as recitas tributárias ou encarecer o serviço da dívida. "A recuperação de 2003 e 2004 talvez ajude a reduzir os défictis fiscais e a melhorar as posições relativas de endividamento dos países, nas não na medida necessária para que eles retornem rapidamente à margem de manejo fiscal que existia em 1997", alerta o BID. "Os governos cometerão um equívoco se não aproveitarem o crescimento maior para fortalecer, o mais rápido possível, os resultados fiscais. Só assim poderão recuperar a margem que precisarão para sobreviver a uma nova crise." Os alertas do BID, porém, não param apenas aí. Os economistas do banco (boa parte deles participando da Assembléia Anual que começou nesta segunda-feira na capital peruana) explicam que a dívida pública de grande parte dos países latino-americanos se encontra denominada em moeda estrangeira ou atrelada às flutuações das taxas de câmbio. "Isso é, em grande parte, responsável pelos aumentos nos coeficientes de dívida como consequência da desvalorização e é um dos fatores causadores do comportamento cíclico inadequado das políticas fiscais na região", dizem. Ainda de acordo com os economistas do BID, outra característica indesejável da dívida pública é a sua curta duração, o que expõe o custo do serviço às vicissitudes das taxas de juros internas e externas. "Para solucionar esse problema será necessário que os países tomem medidas enérgicas para aproveitar a fase de recuperação e reforçar sua posição fiscal e melhorar o perfil das moedas e dos prazos das dívidas", recomenda. Fluxos de capital Para os economistas do banco, a recuperação da confiança financeira internacional teve como reflexo nos fluxos de capital para a região. "Nas sete maiores economias da América Latina, que representam 90% do PIB regional, as entradas de capital chegaram a seu ponto mais baixo em 2002, caindo para 1/6 do volume alcançado apenas um ano antes", lembra o documento. DE acordo com o Institute of International Finance, as entradas de capital no ano passado somaram US$ 27,9 bilhões, ante apenas US$ 10,6 bilhões em 2002. Outro sinal importante, explica o BID, é que os mercados financeiros estão mais favoráveis para a América Latina. Segundo o relatório, as emissões internacionais de títulos que haviam caído de US$ 33,6 bilhões, em 2001 para US$ 18,2 bilhões em 2002 tiveram um recuperação expressiva. "Só nos primeiros nove meses de 2003, totalizaram US$ 21,2 bilhões."

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