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Reclamações aumentam na Black Friday

Até o fim da tarde de sexta-feira, o site Reclame Aqui registrou quase mil queixas a mais que em 2016; principal reclamação é de propaganda enganosa

Por Ricardo Rossetto e Letícia Ginak
Atualização:

A Black Friday, data que vem se consolidando nos últimos anos como um dia importante para as vendas do varejo, levou milhões de consumidores às lojas virtuais e físicas em todo o País na sexta-feira, 24. A maratona de compras, porém, mais uma vez foi acompanhada de uma enxurrada de reclamações.

Principal reclamação é a maquiagem de desconto, ou seja, quando a oferta oferecido sobre o preço do produto ou frete não é real. Foto:

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Segundo o site Reclame Aqui, especializado em queixas de consumidores, foram registradas, até às 18 horas de sexta-feira, 2.378 reclamações. No ano passado, no mesmo horário, eram 1,5 mil reclamações.

Porém, esse aumento precisa ser ponderado. A Black Friday está crescendo ano a ano e, de acordo com o Ebit, que mede a reputação das lojas virtuais por meio de pesquisas com consumidores, o esperado era atingir R$ 2,2 bilhões em vendas este ano, alta de 15% em relação ao ano passado. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, por sua vez, estimava que a data movimentasse R$ 2,5 bilhões, aumento de 18% em relação ao ano passado.

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De acordo com o Reclame Aqui, a principal queixa foi a propaganda enganosa, representando 14% do total. Em seguida, estão as reclamações com problemas para finalizar a compra (9,8%) e a divergência de valor na hora em que se coloca o produto no carrinho (9%). Os produtos que representam o maior número de reclamações são os smartphones (8,3%), TVs, 4% e perfumes (2,1%). Apesar do número alto de reclamações, o diretor de marketing do Reclame Aqui, Felipe Paniago, acredita que os consumidores estão mais bem preparados para identificar se as ofertas são verdadeiras ou não. O Procon-SP registrou 746 atendimentos ontem – 30% relativos a “maquiagem de desconto”.

Na internet, os cibercriminosos aproveitaram a data para atacar. O laboratório DFNDR Lab, especializado em crimes na internet, identificou mais de 160 ofertas falsas que mencionam a Black Friday desde o início do mês. De acordo com Emílio Simonio, diretor do laboratório, a projeção era de que fosse identificado um aumento de 600% de detecção de fraudes em relação ao ano passado.

Nas ruas. Apesar de a Black Friday ter nascido como um evento para a internet, vem atraindo cada vez mais as lojas de rua. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP), a Black Friday deve consolidar o processo de reversão do pior ciclo recessivo vivido pelo comércio, iniciado em 2014 e que perdurou até 2016.

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Nas ruas de São Paulo, porém, não se viu um frisson generalizado de compras, o que levou a reclamações de vendedores que apostavam na data. No trecho que concentra as lojas de decoração na Rua Teodoro Sampaio, conhecido reduto de compras no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, a falta de clientes incomodava Maria Aparecida Lemes, dona de uma franquia da loja de colchões Ortobom. Para ela, falta para os lojistas da região um “espírito animal” para datas importantes do varejo, como a Black Friday. “Na rua, é muito cada um por si”, disse.

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Também na Teodoro Sampaio, na esquina com a Praça Benedito Calixto, a loja de tintas Clodoaldo e Cia estava com várias promoções especiais, mas o movimento era o mesmo de outros dias. “O máximo que aconteceu foi que alguns clientes que nos visitaram hoje ficaram surpresos com os descontos e disseram que voltarão semana que vem pra comprar. Resta esperar”, disse o vendedor Renato Santos Brito. A loja permanecerá com os descontos até 30 de novembro.

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O consumidor que teve problemas ou encontrou irregularidades durante as compras na Black Friday, seja em lojas físicas ou na internet, deve recorrer ao Procon para prestar sua queixa. Durante o final de semana, é possível fazer a reclamação pelo site (www.procon.sp.gov.br) ou pelos perfis da entidade no Twitter ou no Facebook.

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“Passada a Black Friday, o apoio do Procon é mantido. O consumidor tem a oportunidade de recorrer sempre que quiser”, afirma Bruno Stroebel, supervisor de fiscalização do Procon-SP. Ele lembra que as regras referentes a trocas se mantêm. Nas compras em lojas físicas, não há direito à troca pelo Código de Defesa do Consumidor – é um benefício que cabe à loja oferecer ou não.

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“Se der opção de troca, a loja deve informar as condições e o prazo, principalmente porque muita gente já compra na Black Friday para presentear no Natal, então precisa estar atento às datas”, observa. Já nas transações pela internet, o consumidor tem sete dias a contar da data do pedido para desistir da compra, sem precisar dar uma justificativa. Se a loja não cumprir o prazo de entrega anunciado na oferta, o consumidor pode cancelar a compra e deve reclamar aos órgãos de defesa do consumidor.

Em média, o Procon tem prazo médio de 120 dias para concluir um atendimento, mas, afirma Stroebel, nas queixas referentes à Black Friday, haverá uma força-tarefa da instituição para que o retorno seja mais rápido.

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