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Bolsa família é o programa de transferência que mais ajuda o PIB

Estudo do Ipea mostra que cada R$ 1 adicionado ao projeto significa um incremento de R$ 1,78 no Produto Interno Bruto

Por Ricardo Della Coletta e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - O Bolsa Família é o programa de transferência social que mais contribui com a expansão da economia: cada R$ 1 adicionado ao projeto significa um incremento de R$ 1,78 no Produto Interno Bruto (PIB). A conclusão é do livro Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania, que será lançado no final deste mês pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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A pesquisa revelou que um gasto adicional de 1% do PIB no Bolsa Família gera um aumento de 1,78% na atividade econômica - e de 2,40% sobre o consumo das famílias. Parte dos resultados do estudo foi apresentada em coletiva de imprensa nesta manhã, em Brasília. O presidente do Ipea, Marcelo Neri, e

os pesquisadores Fabio Vaz e Pedro de Souza analisaram os efeitos de sete transferências sociais sobre a macroeconomia e concluíram que o Bolsa Família é o que tem maior peso. As outras transferências analisadas são: os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do Seguro Desemprego, do Abono Salarial do PIS/PASEP e os saques do Fundo de Garantia por Tempo e Serviço (FGTS). Desses, o que mais se aproxima do Bolsa Família, no que se refere a efeito sobre a economia, é o Benefício de Prestação Continuada, de R$ 1,19 sobre o PIB a cada R$ 1 aplicado no programa. No quesito consumo, o Benefício de Prestação Continuada representa um retorno de R$ 1,32 no consumo final da economia e de R$ 1,54 no consumo das famílias. Extrema pobreza. Outro ponto analisado é a influência do principal programa de transferência de renda do governo social para a redução da extrema pobreza - do número de brasileiros que vivem com menos de R$ 70 mensais. O Bolsa Família foi responsável por 28% da queda da extrema pobreza, segundo o estudo, sendo que entre 2002 e 2012 a proporção da população nessa faixa caiu de 8,8% para 3,6%. Sem o Bolsa Família, a taxa de extrema pobreza em 2012 seria de 4,9%. De acordo com o capítulo assinado por Neri, Vaz e Souza, os chamados "efeitos multiplicadores" sobre a economia são maiores quanto mais focalizadas são as transferências para os mais pobres, por formarem famílias com "maior propensão marginal a consumir". Também por isso, o impacto sobre o consumo das famílias é maior do que sobre o consumo final do total da economia. "Mais do que qualquer outra transferência, o programa beneficia diretamente famílias mais pobres com alta propensão a consumir e, portanto, consegue um efeito multiplicador maior", escrevem os pesquisadores.Renda bruta. O estudo também analisou o efeitos das transferências sociais na renda disponível bruta do total da economia e na renda disponível bruta das famílias. Ao se transferir R$ 1 a mais do Bolsa Família, aumenta R$ 1,48 a renda disponível bruta e R$ 1,64 a renda disponível bruta das famílias. "Esses resultados sustentam a hipótese de que as transferências sociais voltadas para os mais pobres - principalmente as do Programa Bolsa Família - cumprem papel positivo importante para a dinâmica macroeconômica brasileira, além de contribuir para a redução da pobreza e desigualdade", relatam os autores no estudo.Para analisar os efeitos sobre a macroeconomia, os pesquisadores usaram dados do Programa de Orçamentos Familiares (POF) e do Sistema de Contas Nacionais, que contêm informações de produção, remuneração de fatores, tributos indiretos, consumo intermediário e componentes da demanda final. "(A transferência ocasiona) um giro na economia, onde uma renda gera um gasto e num gasto há uma renda", exemplificou Neri.

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