SÃO PAULO - O lucro líquido do Bradesco no quarto trimestre de 2013, de R$ 3,079 bilhões, ficou abaixo da projeção média esperada por analistas. O montante foi 6,4% superior ao registrado no mesmo período do exercício anterior, de R$ 2,893 bilhões.
A média de 16 casas consultadas pela Agência Estado (Banco do Brasil, Bank of America Merrill Lynch, Brasil Plural, BTG Pactual, Citibank, Credit Suisse, Deutsche Bank, GBM, Goldman Sachs, HSBC, Itaú BBA, JPMorgan, Morgan Stanley, Safra, UBS e Votorantim) apontava para lucro líquido contábil de R$ 3,252 bilhões no quarto trimestre do ano passado. O apresentado pelo banco é 5,31% menor que a expectativa média.
A margem financeira não juros do Bradesco, que reflete basicamente o resultado da tesouraria do banco, continuou apresentando recuperação no quarto trimestre de 2013 ao alcançar R$ 278 milhões. O montante é cerca de 160% superior ao visto nos três meses imediatamente anteriores, quando o indicador já havia sinalizado um melhor resultado. O Bradesco explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que a melhora no trimestre foi influenciada, basicamente, por melhores resultado de seguros.
No segundo trimestre do ano passado, o desempenho da tesouraria do Bradesco foi impactado pela baixa contábil que o banco teve por conta da marcação a mercado com títulos e valores mobiliários em meio ao aumento da Selic.
Durante teleconferência com a imprensa para comentar os resultados do terceiro trimestre, Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo do Bradesco, já havia antecipado que o banco trabalhava para retomar os ganhos históricos da sua tesouraria, de cerca de R$ 200 milhões já no quarto trimestre. "Nos últimos dois trimestres, a volatilidade afetou a média histórica da tesouraria. Temos um histórico de bons resultados na organização. Mas acertar 100% das vezes é difícil", explicou ele, na ocasião.
Apesar disso, em 2013, a tesouraria do Bradesco teve resultado menor: R$ 600 milhões ante cifra de R$ 1,772 bilhão registrada no exercício imediatamente anterior, uma queda de 66,1%. Segundo o banco, o recuo foi impactado pelas operações de seguros, representadas pelos resultados com renda variável, e as variações nos períodos estão associadas às condições de mercado, que permitem maior/menor oportunidade de realização de ganhos e títulos e valores mobiliários (TVM)/Outros.
Em TVM, conforme o Bradesco, a redução de mais de R$ 1 bilhão vista no comparativo anual decorreu, em grande parte, dos menores ganhos com arbitragem de mercados. No quarto trimestre de 2013 foi registrado declínio de R$ 79 milhões ante o trimestre anterior, relativos à maior volatilidade do mercado observada no período.
"Adicionalmente, vale ressaltar que, nesse período, houve ganho na alienação parcial das ações da BM&FBovespa, no valor de R$ 33 milhões, contra os R$ 30 milhões apurados na alienação parcial dessas ações no trimestre anterior", acrescenta o Bradesco.
Seguros. A Bradesco Seguros, braço de seguridade do banco, emitiu R$ 14,492 bilhões em prêmios no quarto trimestre de 2013, montante 9,7% superior ao registrado em um ano, de R$ 13,216 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre, o aumento foi bem mais expressivo, de 30,9%.
O destaque no último trimestre do ano passado, conforme explica a seguradora, foi o segmento de vida e previdência, que foi impulsionado pela maior concentração de contribuições de previdência privada no período. Este segmento totalizou R$ 8,505 bilhões em prêmios no período, alta de 71,1% ante o terceiro trimestre e de 5,6% na comparação com os últimos três meses de 2012.
O ramo de seguro saúde cresceu 16,3% no quarto trimestre de 2013 ante um ano, para R$ 3,458 bilhões. No segmento de capitalização, os prêmios foram a R$ 1,296 bilhão com alta de 19%, na mesma base de comparação. A Bradesco Auto/Re, que responde pela área de ramos elementares teve expansão de 9,3% e demais ramos, cuja representatividade é menor nos números da seguradora, de 45,3%.
O lucro líquido da Bradesco Seguros atingiu R$ 1 bilhão de outubro a dezembro, alta de 14% ante os três meses imediatamente anteriores e de 3,8% em 12 meses, de R$ 964 milhões. No ano, o lucro ficou em R$ 3,740 bilhões, alta de 4,3% ante 2012. A Bradesco Seguros respondeu por 31% do lucro líquido ajustado do Bradesco no quarto trimestre, de R$ 3,199 bilhões.
O retorno anualizado sobre o Patrimônio Líquido Ajustado ficou em 27,3%. Já o patrimônio líquido da seguradora do Bradesco somou R$ 17,253 bilhões no quarto, alta de 5,7% ante o terceiro trimestre. Na comparação com 12 meses, a queda foi de 12,9%.
A sinistralidade da Bradesco Seguros ficou em 71,1% ao final de dezembro ante 72,7% em setembro. Em 12 meses, foi vista piora de 0,60 ponto porcentual no indicado.
O índice combinado da Bradesco Seguros, que mede a eficiência operacional da seguradora, ou seja, quanto menor melhor, encerrou o quarto trimestre de em 86,1%, melhora de 0,80 p.p. ante o terceiro. Em um ano, a melhora foi de 0,50 p.p.
A Bradesco Seguros encerrou 2013 com 45,675 milhões de clientes, com elevação de 383 mil segurados em relação a setembro e mais 2,610 milhões ante dezembro de 2012. O market share da companhia ficou em 24,2% no quarto trimestre contra 23,8% no terceiro e 24,8% em um ano.
Prêmios em 2013. No ano passado, os prêmios emitidos pela Bradesco Seguros alcançaram R$ 49,752 bilhões, aumento de 12,3% frente 2012. "Tal evolução deveu-se ao desempenho de todos os segmentos, principalmente saúde e capitalização que cresceram acima de dois dígitos", justifica a seguradora.
